São enormes vales rochosos inundados pelo mar, formações que surgem no litoral de países em geral vizinhos aos pólos sul e norte. “As dimensões dos fiordes são impressionantes. Alguns ultrapassam 350 quilômetros de comprimento, têm paredões com mais de mil metros de altura e uma parte submersa de quase 1 500 metros de profundidade”, afirma o glaciologista Jefferson Cardia Simões, da UFRGS e do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Essas curiosas formações foram criadas pela ação do gelo nas idades glaciais, nos últimos 3 milhões de anos. Durante esses períodos, a temperatura da Terra caía, as geleiras se expandiam e o nível médio dos oceanos baixava. Mantos de gelo com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados avançavam sobre regiões mais quentes, escavando a superfície em que deslizavam.
Era mais ou menos como fazem as águas de um rio que corre em um vale, só que com uma diferença importante: a ação do gelo é muito mais violenta. “Na chamada erosão glacial, o gelo arrasta o que encontra pela frente, arrancando pedaços de rocha. O resultado são vales estreitos e com paredões muito íngremes, como os que caracterizam os fiordes”, diz Jefferson. No final das idades glaciais, a temperatura voltava a subir, o gelo retrocedia e o nível do mar aumentava, alagando os vales rochosos. Como a ocorrência dos fiordes está relacionada ao avanço das geleiras, a maioria deles aparece em regiões nas altas latitudes, mais próximas da Antártida ou do Ártico, como na costa da Noruega, no litoral do Alasca, na Groelândia, no Canadá e na Nova Zelândia. Além de formarem paisagens de tirar o fôlego, as águas bastante calmas desses canais são excelentes para a pesca e oferecem um bom local para a ancoragem de barcos, conforme a própria origem da palavra revela: em norueguês, fiorde significa algo como “porto seguro”.
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