Porque eles se tornaram ultrapassados, caros e pouco seguros. O sinal vermelho acendeu em 2004, quando o presidente americano George W. Bush determinou que os ônibus espaciais fossem trocados por um outro tipo de veículo até 2010. Pesou contra os “bumbas” uma extensa ficha de problemas:
A frota tem mais de 20 anos e precisa de manutenção constante. As idas à oficina custam caro. Por ano, a Nasa torra 500 milhões de dólares em consertos!
O custo-benefício é ruim. Os ônibus só fazem viagens curtas, no máximo a 350 quilômetros da superfície da Terra. Não são capazes de jornadas de fôlego, como uma visita à Lua, que fica a 400 mil quilômetros de distância.
Eles estão subaproveitados. “Os ônibus espaciais deveriam fazer 60 vôos anuais, mas só fazem uma média de quatro por ano”, afirma o engenheiro mecânico José Bezerra Pessoa Filho, do Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos (SP).
Pedaços de espuma se descolam do revestimento do tanque de combustível, tornando a viagem perigosa. Em 2003, um pedaço grande se descolou, quebrou a asa do Columbia e causou sua explosão, matando os sete tripulantes. Em agosto, problema parecido afetou o Discovery, mas não houve grandes prejuízos.
Para o lugar dos busões, a Nasa aposta nos chamados Veículos de Exploração Tripulados (CEV, em inglês), naves que teriam diversos módulos – por exemplo, um de tripulação, outro de carga e outro de foguetes. Cada um deles seria lançado separadamente e montado pelos astronautas no espaço. Para os defensores do CEV, a estratégia de lançamentos modulares seria mais flexível e econômica. A Nasa já abriu concorrência para o novo CEV – o vencedor sai em 2006. Ao lado, você confere os dois modelos que estão na disputa. Por enquanto, eles só existem na prancheta, mas devem começar a voar em 2008.
Dois projetos disputam o direito de substituir os busões espaciais
VEÍCULO DE EXPLORAÇÃO TRIPULADO (CEV) 1
FABRICANTE LOCKHEED MARTIN
CARGA
Acoplado à nave principal, o módulo traseiro vai transportar equipamentos que variam de missão para missão – essa versatilidade é uma das vantagens do CEV em comparação com os ônibus espaciais. O módulo terá capacidade para até 125 toneladas de carga
FOGUETES
Como os novos veículos só devem ser testados em 2008, a Nasa ainda não desenvolveu os foguetes que vão lançar o CEV ao espaço. A única certeza é que haverá um módulo de propulsão na traseira da nave. O combustível deve ser uma mistura de hidrogênio e oxigênio líquido
BÓIAS
Ao contrário dos ônibus espaciais, que pousam em pistas como os aviões convencionais, o CEV poderá cair em áreas desérticas ou oceanos, como as antigas cápsulas de exploração lunar. Para não afundar na água, a nave conta com pares de bóias e airbags infláveis espalhados pela cabine
TRIPULAÇÃO
Um dos três módulos da nave proposta pela empresa Lockheed Martin é a cabine para até seis tripulantes, na parte dianteira. Ela será feita de titânio e deve ter o mesmo formato dos ônibus espaciais, parecido com um avião – ainda não inventaram nada mais aerodinâmico
PÁRA-QUEDAS
Para brecar o retorno do CEV à atmosfera terrestre, entram em ação dois tipos de pára-quedas. Eles ficam guardados no meio da nave
CÁPSULA VITAL
A parte da frente do módulo de tripulação pode se soltar do resto da nave numa emergência, como uma mini-nave de escape
VEÍCULO DE EXPLORAÇÃO TRIPULADO (CEV) 2
FABRICANTES NORTHROP GRUMMAN/BOEING
CARGA
O CEV também usará módulos separados para carga, tripulação e propulsão. O módulo de carga, mais comprido, com até 100 metros de altura, será lançado separadamente da nave com os tripulantes, diminuindo os riscos de acidentes
PAINÉIS SOLARES
Nas viagens mais longas, o CEV usará o Sol como fonte de energia. Os raios, captados através de enormes painéis solares retráteis, garantirão energia suficiente para missões de até 19 dias – tempo suficiente para explorar a Lua, por exemplo
TRIPULAÇÃO
O consórcio Northrop Grumman/Boeing não liberou muitas informações sobre seu projeto. O que se sabe é que a nave principal deve ter cerca de 50 metros de altura na posição vertical e capacidade para até seis astronautas, sendo que cada um deve ocupar um espaço mínimo de 3,6 metros cúbicos