Por que pessoas usadas para atos ilegais são chamadas “laranjas”?
Imagina uma laranjada dessas com as pizzas que saem todo dia no Congresso...
Nesta quinta (18), a Polícia Civil de São Paulo, em ação conjunta com o Ministério Público, encontrou e prendeu Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. Ele estava em Atibaia, no interior do estado, em uma propriedade do advogado Frederick Wassef, que presta serviços à família Bolsonaro.
O mandado de prisão preventiva foi feito pela Justiça do Rio de Janeiro. Queiroz é suspeito de estar envolvido em um suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do estado (Alerj). Segundo a investigação, funcionários de Flávio, que atuou como deputado estadual na Alerj entre 2003 e 2018, devolviam parte do seu salário – esse dinheiro, então, era lavado por meio de investimentos em imóveis e de uma loja de chocolates, da qual o atual senador é sócio.
Queiroz começou a ser investigado em 2018. Na época, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que hoje se chama UIF – Unidade de Inteligência Financeira) disse que, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, o assessor movimentou R$ 1,2 milhão. Ele recebeu transferências de ao menos sete pessoas do gabinete de Flávio.
Por tudo isso, é bem provável que você leia por aí que Queiroz seja “laranja” do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro – algo que ele negou em 2019 em uma entrevista para o SBT, na qual disse também que toda essa movimentação de dinheiro (que não condizia com o seu salário) era fruto de compra e venda de automóveis.
Mas afinal, qual a origem desse termo?
A verdade é que não há uma explicação definitiva. “Laranja” é a palavra usada para classificar o indivíduo que empresta seu nome – às vezes, sem saber – para transações financeiras e comerciais criminosas, a fim de ocultar a identidade do verdadeiro responsável, mas estudiosos e linguistas não conseguem traçar quando ela começou a ser usada.
Contudo, existem algumas teorias. O uso pode ter nascido no meio policial: nos anos 1970, durante a ditadura, presos políticos que precisavam de recursos para manter sua família criaram um esquema de pirâmide em que uma pessoa, chamada de “limão”, deveria trazer dez novos colaboradores para fazer pagamentos. Estes eram chamados de “laranjas”, e dificilmente recebiam de volta o dinheiro do esquema.
Outra explicação diz que agentes da lei chamavam de “laranjas” os criminosos que eram presos e, depois de uma “espremida”, entregavam os companheiros.
Mais uma teoria: conta-se que, na década de 1980, teria ocorrido um escândalo envolvendo produtores de laranja do interior paulista e nomes da política nacional, que teriam realizado um grande empréstimo, nunca pago, junto ao Banco do Brasil. Nossa reportagem, porém, foi atrás de produtores, associações e jornais antigos e não conseguiu encontrar nenhuma referência ao tal empréstimo.
Pergunta do leitor – Juka Goulart, Rio Bonito, RJ
FONTES JusBrasil, Consultor Jurídico, O Guia dos Curiosos