Os dois fenômenos aparecem quando o vapor dágua passa para o estado sólido – a diferença é que em cada um deles o processo acontece em lugares distintos, com temperaturas também diferentes. A neve surge nas nuvens, quando o vapor dágua das grandes altitudes se transforma em cristais de gelo. “Se o cristal de gelo passar por faixas de ar acima de 0 ºC, ele derrete e cai na forma de chuva ou de garoa”, diz o geógrafo Cláudio Marcus Schmitz, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Já a geada é formada no chão e não no céu, quando o vapor dágua próximo ao solo congela, dando origem a uma camada de pequenas agulhas geladas. Para que ela ocorra, a temperatura do ar deve cair abaixo de zero. O tipo mais comum é a chamada geada branca, que congela apenas a parte superficial das plantas, queimando as folhas e prejudicando o seu desenvolvimento. Mais grave é a geada negra, que acontece quando os termômetros atingem marcas em torno de 10 graus negativos.
Nessa situação, o frio mata os vegetais porque congela também os vasos internos que conduzem a seiva. Tanto a neve quanto as geadas podem ocorrer no Brasil, mas nevascas são raras: em média, há duas por ano, sempre em terras com mais de 800 metros de altitude no Sul do país, ou em planaltos acima de 1 500 metros na região Sudeste. As geadas são bem mais freqüentes e sua área de ocorrência também é maior. Além do Sul e do Sudeste, também o Centro-Oeste é atingido pelo problema, normalmente após a passagem de alguma frente fria nas noites mais longas do inverno. Em geral, as plantações de café e de frutas cítricas são as mais devastadas pelas geadas em território brasileiro. A neve, por outro lado, não costuma ser tão destruidora. “As nevascas brasileiras não geram grandes camadas geladas sobre o solo, pois derretem rapidamente, antes de sufocar a vegetação”, afirma Cláudio.