Há várias hipóteses, mas é provável que tenha derivado de um certo tipo de dança pélvica, que ainda pode ser encontrada em algumas regiões do Oriente Médio e do norte da África. “A dança pélvica é tradicionalmente praticada pelas mulheres desde a antigüidade”, afirma a escritora e dançarina Wendy Buonaventura, autora de Serpent of the Nile: Women & Dance in the Arab World (Serpente do Nilo: As Mulheres e a Dança no Mundo Árabe, inédito no Brasil). “É quase certo que essa dança tinha conexões com ritos de fertilidade e também com alguns movimentos feitos durante o parto, para ajudar no nascimento da criança.” De qualquer forma, foi no Egito que essa forma mais primitiva da dança do ventre ganhou sofisticação, para depois se tornar parte da cultura árabe, na qual é conhecida como Raqs Al Baladi (“Dança do Povo”). É o jeito comum de as pessoas dançarem e acontece em praticamente todos os encontros sociais importantes.
Nos casamentos, a presença de uma dançarina é mais do que desejável. “Ela dança para entreter os convidados, mas também tem que posar para fotos ao lado da noiva e do noivo. Depois, o casal coloca cada qual uma das mãos sobre o ventre da dançarina, como forma de garantir uma união frutificante”, diz Buonaventura . A dança do ventre é feminina por excelência. “Os homens têm uma dança própria, sacudindo os ombros e os quadris, mas sem rebolados complexos como a das mulheres.” Outro privilégio delas é o zagreet – aquele som ululante , emitido com voz aguda e entrecortada. “É uma forma de estímulo entre as dançarinas, uma demonstração de que está gostando do que a outra está fazendo”, diz a especialista.