Se, ao comer produtos orgânicos, sua motivação for se livrar dos pesticidas, ok: é provável que você consiga seu objetivo. Mas é um erro pensar que os alimentos orgânicos são mais nutritivos do que os convencionais. “Em termos nutricionais, nenhum estudo comprovou que o orgânico seja melhor que o tradicional”, diz Sérgio Henrique Monteiro, pesquisador científico do Instituto Biológico de São Paulo. “Estudos indicam que os dois produtos têm quantidades nutricionais equivalentes.” Quanto aos agrotóxicos, vale uma ressalva: nem todos os “orgânicos” disponíveis no mercado cumprem o que prometem. Verifique sempre se o produto tem o selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. “Ele garante que não houve contato com pesticidas em nenhum momento da produção. Muitas comunidades que dizem produzir orgânicos não têm esse cuidado”, diz a cientista de alimentos Priscila Zaczuk Bassinello. Justiça seja feita: orgânicos não são mais vulneráveis a fungos e bactérias. “A agricultura convencional é feita com monocultivo. O produtor tem 10 hectares só de alface, então a praga se espalha mais fácil”, diz Edmilson Ambrosano, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (Apta). “Como o sistema orgânico costuma abranger várias culturas, ele evita que a praga se alastre.”
Quem tem medo dos agrotóxicos?
Para alguns especialistas, o medo dos defensivos agrícolas não passaria de paranoia. Afinal, os agrotóxicos mais nocivos à saúde, do tipo organoclorados, foram banidos do Brasil na década de 1980. Desde então, todos os pesticidas são submetidos a testes, que verificam, entre outras coisas, a quantidade de resíduos que fica nos alimentos. O problema é que, na prática, nem sempre essas regras são respeitadas. Estudos recentes do Instituto Biológico de São Paulo encontraram resíduos dessas substâncias em cerca de 34% das frutas e 29% das hortaliças vendidas na cidade. “Mas não precisa parar de consumir os alimentos convencionais. Basta tomar algumas medidas para reduzir a ação dessas substâncias”, diz Sérgio Monteiro, do Instituto Biológico de São Paulo (veja boxe ao lado).
Cinco dicas para se livrar dos pesticidas
Para garantir que os defensores agrícolas não interfiram com a sua refeição, tome algumas atitudes simples
Lave alimentos com bucha
A água remove alguns resíduos superficiais. Com bucha e detergente, você vai conseguir retirar maior quantidade. Enxágue com muita água.
Escolha frutas da estação
As que não são da época recebem mais agrotóxicos para durar bastante.
Desconfie dos perfeitos
Quanto menos imperfeições, maior a probabilidade de um alimento ter sido maquiado por agrotóxico.
Alterne a dieta
Comer sempre o mesmo alimento aumenta o risco de comer sempre o mesmo veneno. Morangos, tomates e batatas são especialmente vulneráveis.
Deixe de molho no vinagre
Duas colheres de sopa de vinagre para cada litro de água, por meia hora, ajudam a degradar agrotóxicos.
Fontes: Sérgio Henrique Monteiro, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, e Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura.