Atletas de CrossFit que saem da dieta 2 vezes na semana têm melhor rendimento
Em um novo estudo brasileiro, quem se permitiu comer o que quisesse (mesmo!) em alguns dias performou melhor nos treinos.
Crossfiteiro que é crossfiteiro come frango com batata-doce, um monte de ovos por dia e outros ingredientes famosos por garantir energia com pouco carboidrato – nutriente que, no mundo fitness, é tão temido quanto Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Mas, no caso de atletas profissionais, manter uma dieta low carb ininterruptamente pode ser furada.
É o que sugere um estudo brasileiro publicado no periódico científico Journal of Sports Sciences. A pesquisa incluiu 39 homens, todos na faixa dos 27 anos de idade, que treinavam CrossFit em nível profissional: cinco vezes por semana, de uma a duas horas por dia.
Eles seguiam uma dieta pouco calórica e com baixa quantidade de carboidrato – das 2.100 calorias ingeridas ao longo do dia, 850 eram de carboidrato. Mas uma parte dos voluntários ganhou um passe para comer o que quisessem – na quantidade que desejassem – duas vezes na semana. Nesses dias, o consumo energético total subia para 5.500 calorias – e os caras atacavam as fontes de carbo.
“Dois participantes me chamaram atenção: um que comeu duas pizzas grandes sozinho e outro que consumiu um pote de 1 litro de sorvete após o treino e três sanduíches de fast-food”, conta o endocrinologista Flávio Cadegiani, principal autor do estudo.
Os atletas foram acompanhados durante três meses. Os resultados surpreenderam os pesquisadores: quem adotou os “dias do lixo” perdeu gordura, ganhou músculo e melhorou o rendimento (cumpriu o treino em menos tempo). Mais: os índices de colesterol e triglicerídeos, que funcionam como estoque de gordura do corpo, se mantiveram inalterados. “Eu esperava uma piora no processo inflamatório, nas taxas de insulina, mas não aconteceu”, diz Cadegiani.
Embora os autores não tenham investigado os mecanismos moleculares por trás disso, eles acreditam que tenha a ver com a maior disponibilidade de energia oferecida pelas fontes de carboidrato. Com mais combustível, o corpo todo desses atletas trabalhou de forma mais eficiente. “Melhorou performance, velocidade, força e execução”, explica o médico, que é doutor em endocrinologia clínica pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp.
O próximo passo da equipe de Cadegiani é investigar se os resultados seriam os mesmos em atletas de esportes de alto rendimento, como triatlo e corrida de longa distância, e mulheres que praticam atividade física nessa mesma intensidade.