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Carboidrato piora o câncer? Veja 4 mitos sobre dietas e tumores

Em cartilha, Instituto Nacional de Câncer esclarece informações falsas que podem prejudicar o tratamento de pacientes com a doença

Por Luiza Monteiro
26 fev 2019, 18h21

A moda das dietas restritivas, aquelas que cortam grupos alimentares ou limitam o consumo calórico, chegou aos pacientes com câncer. Cada vez mais, pessoas que lutam contra essa doença são bombardeadas com notícias (falsas, muitas vezes) sobre alimentos que melhoram ou pioram o tratamento e a prevenção de novos tumores.

Um time de especialistas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) observou que, nos últimos três anos, aumentou o número de pacientes que diminuíram, por conta própria, o consumo de carboidratos. O motivo? Uma teoria de que o açúcar alimenta o tumor, fazendo com que ele se espalhe mais rápido e coloque em risco tratamento. “Muitos já chegam com grave perda de peso porque não estão consumindo alimentos fontes de carboidrato”, relata à SUPER Gabriela Villaça, nutricionista do Hospital do Câncer II, ligado ao Inca, no Rio de Janeiro.

Esse tipo de informação também gera efeitos psicológicos sérios. “Achar que determinado alimento pode fazer o câncer evoluir ou reduzir a chance de cura causa medo e culpa”, alerta a nutricionista.

A necessidade de desbancar esses mitos motivou a nutricionista e outros especialistas do instituto a elaborar uma cartilha sobre o que é verdade ou mentira quando o assunto é dieta e câncer. O documento foi publicado em janeiro de 2019.

A seguir, conheça os boatos desbancados pelo Inca e entenda por que eles não têm fundamento:

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1. “Carboidratos alimentam o tumor”

Essa afirmação até tem um fundo de verdade. Todo carboidrato que comemos – seja o do pãozinho francês, seja o do arroz integral – viram glicose. A função da glicose é fornecer energia para as células do nosso organismo funcionarem – inclusive as malignas. E, como essas células se multiplicam em alta velocidade, elas acabam consumindo muito mais glicose do que as outras.

Mas isso não significa que tirar o cardápio da dieta é uma solução. Gabriela explica que, ao parar de consumir o macronutriente, nosso organismo encontra outros meios de obter glicose – usando proteínas que formam os músculos, por exemplo. O resultado? Além do emagrecimento, uma perda grande de massa muscular, um problema para quem busca se curar de um câncer.

Em uma cirurgia, por exemplo, é essencial que o corpo tenha uma boa resposta imunológica e inflamatória – e os músculos produzem proteínas que garantem essa reação. Já no caso da quimioterapia, quanto mais massa magra, melhor será a absorção dos medicamentos. Isso porque a maioria dos quimioterápicos é metabolizada em tecidos com maior quantidade de água, que é o caso dos músculos. “Uma pessoa com pouca massa muscular vai ter mais droga livre circulando no organismo e, consequentemente, mais efeitos colaterais”, explica Gabriela.

O melhor jeito de consumir carboidratos durante o tratamento é priorizar aqueles que vêm de alimentos frescos, como frutas, verduras, grãos e cereais. O que você deve cortar são os itens abarrotados de açúcar e pobres em nutrientes – caso dos salgadinhos, biscoitos recheados e outros produtos ultraprocessados. Esses não fazem bem para ninguém!

2. “Sua quimioterapia não vai funcionar se você comer carboidratos”

Segundo o documento apresentado pelo Inca, alguns estudos feitos com amostras celulares e animais apontam que a restrição de glicose pode reduzir o crescimento de tumores. O que não quer dizer que esses achados são verdadeiros – eles precisam ser validados em pesquisas feitas com pessoas. “Até o momento, não existem evidências científicas suficientes que confirmem que cortar carboidratos ajuda a ‘matar o tumor’ em humanos”, diz o texto da cartilha.

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3. “Proteína animal deve ser cortada, porque alimenta o tumor”

Outra afirmação que não tem fundamento. As proteínas são essenciais para a formação de novas células, além de participarem do transporte de substâncias no sangue, da produção de hormônios e, claro, da construção dos músculos – que, como já vimos, são importantíssimos para quem busca se curar de um câncer.

O tratamento dessa doença propicia a perda muscular, o que pode não só piorar a reação aos remédios, mas também limitar outras atividades do dia a dia do paciente. Sem músculos saudáveis, podem surgir problemas para sentar, levantar, caminhar, por exemplo.

Para garantir o aporte necessário, vale pedir orientações a um nutricionista. As proteínas podem ser tanto vegetais quanto de origem animal. No primeiro caso, você as encontra nas leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha) e nas castanhas. Mas elas também estão nas carnes e em ovos, queijos, leite.

4. “Cogumelo-do-sol, noni, graviola, chá de graviola, chá-verde curam o câncer”

O documento do Inca é categórico: “não existem alimentos que, milagrosamente, curam o câncer”. O que existem são evidências de que uma alimentação balanceada, natural e diversificada garante uma boa saúde, prevenindo, entre outras coisas, o câncer. “Quanto mais colorida for a sua alimentação, mais fortalecidas estarão as defesas do seu corpo e menores serão as chances de prejuízos no seu estado nutricional durante o tratamento”, diz o texto.

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Mas, ainda assim, há muitos outros fatores em jogo, como herança genética, estilo de vida e hábitos como o tabagismo. Levar uma vida saudável em todos os aspectos (não só à mesa) é a melhor maneira de evitar doenças sérias e de combatê-las, caso elas deem as caras.

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