Cientistas usam nova técnica para reverter surdez genética em ratos
Utilizando técnica de terapia genética, pesquisadores conseguem ligar gene Spns2, um dos responsáveis pela perda de audição.
O avanço científico e tecnológico (ainda) não é capaz de teletransportar uma pessoa, mas, pelo menos, as pesquisas no campo da medicina estão cada vez mais promissoras. Dessa vez, pesquisadores conseguiram, com sucesso, curar a surdez genética em ratos.
Estudos do tipo vêm se repetindo ao longo dos anos – e esse está longe de ser o primeiro. Lá em 2017, pesquisadores utilizaram uma técnica de edição genética para lidar com o problema.
Desta vez, apesar de também atuar no DNA, o método foi um pouquinho diferente. Ao invés de eliminar o gene problemático – como costuma ocorrer em outros estudos –, um grupo de cientistas do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência (IoPPN) do King’s College London utilizou uma nova técnica que busca “consertar” o gene responsável pela surdez.
Hoje sabemos que um dos genes responsáveis pela perda auditiva é o Spns2. Com isso em mente, os pesquisadores fizeram o seguinte experimento: eles selecionaram camundongos com o tal do gene Spns2 de forma inativa (ou seja, ratinhos surdos), e injetaram nesses animais uma enzima capaz de ativar o tal gene defeituoso. É mais ou menos como se o Spns2 fosse um interruptor desligado, e a enzima fosse capaz de ligá-lo novamente.
Os resultados foram satisfatórios. Os ratinhos tiveram sua audição totalmente restaurada em faixas de baixa e média frequência (sons mais graves). Mas não só isso. Os pesquisadores perceberam que quanto mais cedo se ativa o gene no rato, mais eficiente e rápida é a recuperação.
Para a pesquisadora Elisa Martelletti, uma das autoras do estudo, ver os ratos responderem aos sons foi um momento especial, e que a pesquisa tem um grande potencial para tratamentos futuros: “este estudo inovador de prova de conceito abre novas possibilidades para pesquisas futuras, trazendo esperança para o desenvolvimento de tratamentos para a perda auditiva.”
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, 1 a cada 4 pessoas poderão ter problemas auditivos. Atualmente, pelo menos metade das pessoas na faixa dos 70 anos já passaram a sofrer com uma perda gradativa da audição.
Hoje em dia, tais sintomas são tratados com implantes e aparelhos auditivos – só que eles não curam ou impedem o avanço da doença. Com cada vez mais estudos mostrando que a perda de audição pode estar relacionada a saúde mental e até mesmo quadros de demência, o sucesso de pesquisas como essa pode ser o ponto chave para novos tratamentos no futuro.