Com os olhos nos olhos
A partir de poucas células capazes de perceber a luz nas algas primitiva, o sentido da visão evoluiu espetacularmente. Mas as espécies consideradas superiores, como o homem, não são necessariamente as que enxergam melhor.
A natureza abriu os olhos embaixo d’água
Para fazer os olhos dos bichos, a evolução das espécies, muitas vezes, engatou marcha- a – ré. Tanto que a visão dos homens é um retrocesso, se comparada com a das aves, que vêem melhor do que qualquer ser vivo deste planeta.
Os primeiros olhos surgiram no mar. As algas unicelulares foram as pioneiras. Elas têm uma mancha alaranjada que concentra células fotossensíveis. Assim, percebendo luzes e sombras na superfície da. água, podem se orientar em relação à posição do sol. Mas as espécies marinhas não permaneceram rudimentares. Em muitas delas, os olhos se desenvolveram a ponto de se igualar (ou quase) aos dos mamíferos.
Um olho mesmo, propriamente dito, enquanto um órgão complexo dedicado exclusivamente à visão, só surgiu com os peixes, há 500 milhões de anos. E mais tarde, entre eles, os olhos ficaram diferentes entre si, pois vieram as diferenciações conforme o grau de desenvolvimento de cada espécie.
No breu do fundo do mar, cheirar é mais importante do que ver. Mas os peixes que vivem próximos à superfície dependem mais de enxergar as coisas em volta – seu campo é tão grande que é possível falar em visão circular. A maior parte do seu cérebro é dedicada à visão. Os olhos, por sua vez, contêm três tipos de células, chamadas cones, especialistas em captar o azul, o laranja e o verde. O único probleminha que os peixes não resolveram foi o de focar objetos. Uns não enxergam bem de perto; outros, de longe. Anfíbios e répteis são herdeiros diretos desse olhar aquático.
Por que as aves vêem tudo melhor
A qualidade da visão é determinada pela concentração de células na retina, a membrana no fundo dos olhos. No homem, há de 30 000 a 40 000 cones, células que captam as cores, no centro da retina. Nas laterais, há 130 milhões de bastonetes, células ótimas para detectar movimentos. As aves têm treze vezes mais cones que, além do centro, se espalham pelas laterais da retina. Elas vêem mais nítido e colorido.
Os insetos só registram os movimentos
As primeiras espécies terrestres que apareceram não conseguiam enxergar no foco, exatamente como acontece com os peixes. A visão dos insetos e dos crustáceos permanece assim até hoje: a acuidade é quase nula. Em contrapartida, esses animais são especialistas em perceber os movimentos. Isso porque, na verdade, neles o que parece ser um único olho é uma coleção de até 28 000 olhinhos em forma de tubo. Agrupados, registram 300 imagens por segundo. Para se ter uma idéia, o ser humano só registra 24 imagens em um segundo.