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Comer muito açúcar aumenta risco de depressão em homens

Um estudo britânico comprovou que quem abusa dos doces pode ter risco 23% maior de desenvolver problemas psicológicos

Por Guilherme Eler
Atualizado em 27 jul 2017, 18h40 - Publicado em 27 jul 2017, 18h29

Ter um dia difícil ou sobreviver àquela semana do cão costuma ser a desculpa perfeita para mandar a dieta para escanteio e se alimentar de coisas nada saudáveis. Essa forma de se auto-recompensar pode ser resultado de um trabalho muito estressante, ou apenas má educação alimentar mesmo. A longo prazo, tais hábitos impactam diretamente sua forma física: além de ter menos disposição, você passará a ter de comprar calças com numeração maior.

Porém, um estudo publicado na Scientific Reports mostrou que, para homens, abusar do açúcar pode significar efeitos que vão além das mudanças corporais. No caso deles, uma vida doce demais pode ser, quem diria, mais depressiva.

Consumir mais de 67 g de açúcar por dia (dois copos de Coca-Cola, por exemplo) representou uma chance 23% maior de se desenvolver distúrbios psicológicos em um período de 5 anos, em comparação a quem manteve um consumo moderado – menos de 39.5 g diárias.

Para chegar nessas relações, os pesquisadores da University College London observaram o consumo de açúcar e a saúde mental de 7 mil britânicos, sendo 5 mil homens. Os dados foram coletados pelo estudo Whitehall II, que durou 30 anos (entre 1983 e 2013). As cobaias responderam questionários que continham perguntas como “Com que frequência você come um pedaço de bolo?”, além de participarem regularmente de testes de saúde mental e avaliações físicas  – como medição de peso e altura.

O fato das mulheres não serem igualmente afetadas pela dieta de formiga permanece sem uma resposta definitiva. A hipótese dos pesquisadores é que a explicação esteja na diferença no número de homens e mulheres analisados. Apesar disso, pesquisas sobre as dietas de britânicos comprovam que, de forma geral, eles têm sangue mais doce que elas. Um censo nacional de 2013 mostrou que, para os homens homens do Reino Unido, a média diária de consumo de açúcar fica na casa das 68.4 g.

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Sabe-se que alimentos muito doces podem afetar diretamente o desenvolvimento das células nervosas. Muito açúcar no sangue reduz os níveis de uma proteína (BDNF) que comanda a criação de novos neurônios no cérebro – o que, acredita-se, tem relação com o desenvolvimento de depressão e ansiedade. O surgimento de inflamações, que também impactam diretamente o humor e são uma resposta cerebral para o açúcar, também pode estar envolvido no processo.

“Dietas muito ricas em açúcar tem muitas implicações em nossa saúde, mas nosso estudo mostra que existe uma relação entre alimentos doces e alterações de humor, principalmente para os homens.” É fato que estar com a saúde mental em dia depende de um conjunto de fatores, mas o consumo de açúcar pode “ser a gota d’água” para o aparecimento de algum problema psicológico, defende Anika Knüppel, uma das autoras do estudo.

Além de determinar o surgimento de doenças como diabetes, obesidade e demência, não é a primeira vez que o consumo em excesso de açúcar é relacionado ao desenvolvimento de depressão. Em 2011, pesquisadores espanhois concluíram que quem abusa de bolos, biscoitos e pães tem 38% mais chance de ficar deprimido. Bebidas super adoçadas também se mostraram determinantes, em um estudo de 2014, para que alguém pré-disposto a ter depressão inicie a doença.

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