Exercício emagrece?
Claro que emagrece! Mas não é solução para o problema da obesidade, já que o número de obesos não para de aumentar
Textos José Francisco Botelho
É óbvio que exercício emagrece. Atividade física queima calorias. Se aliada a uma alimentação adequada, o resultado certamente é perda de peso. O problema é que, em termos práticos, essa receita não parece estar funcionando – e prova disso são os crescentes índices de obesidade no Brasil e no mundo.
Estima-se que aproximadamente 50% dos brasileiros com 20 anos ou mais estejam acima do peso ideal. Entre esses, 12% dos homens e 18% das mulheres são considerados obesos – quase o dobro dos números registrados 3 décadas atrás. É por isso que, levando-se em consideração o estilo de vida que a população mundial decidiu adotar (com falta de tempo para tudo, inclusive exercícios), alguns especialistas afirmam que o futuro do combate ao problema da obesidade não está em academias de ginástica, mas nas drogas.
Essa é a opinião, por exemplo, de Richard L. Atkinson, professor de patologia clínica da Universidade da Virgínia, nos EUA, e diretor da Associação Americana de Obesidade. “Essa é uma doença crônica causada por muitos fatores”, diz Atkinson. “Alimentação errada e falta de exercícios são causas apenas parciais da obesidade.” Segundo o especialista, a tendência apresentada pelo corpo humano de acumular gordura pode ser resultado de variáveis tão distintas quanto fatores genéticos, exposição a poluentes químicos e até infecções virais (leia mais no quadro abaixo). É por isso que ele aposta nas drogas como instrumento mais eficiente que os métodos tradicionais de controle do peso. “Todas as doenças crônicas são tratadas com remédios. Por que tem de ser diferente em relação à obesidade?”
Atkinson pode até ter razão, mas o fato é que ainda estamos longe, muito longe de encontrar um bom tratamento para a obesidade à base unicamente de medicamentos. Os remédios disponíveis hoje, sem exceção, contêm anfetaminas e podem viciar. “São drogas rudimentares”, diz Sérgio de Paula Ramos, diretor do Centro de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre (RS). “Mas novas pesquisas vêm revelando que medicamentos usados para outros fins podem ajudar sem causar dependência.” Um exemplo, segundo Ramos, é a substância chamada topiramato. Usada para combater enxaqueca, ela se mostra eficiente também na moderação do apetite.
GORDURA VIRAL
Em 2000, cientistas americanos da Universidade de Wisconsin notaram que o vírus AD-36, semelhante ao da gripe, provocava aumento de peso em animais usados como cobaias. Agora, eles querem descobrir se esse mesmo agente viral pode explicar a obesidade também em humanos. Detalhe: aproximadamente 30% de todos os obesos nos EUA apresentam anticorpos para esse vírus – o que significa que já entraram em contato com ele. Entre os magros, apenas 4% têm os mesmos anticorpos.