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Homem vive mais de um ano sem coração

E não estamos falando em metáforas aqui

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 10h55 - Publicado em 9 jun 2016, 15h30

A expressão “você não tem coração” acaba de ganhar um significado literal: Stan Larkin, um americano de 25 anos, passou 555 dias sem o órgão. Como? Com um coração artificial portátil, que bombeava sangue para o seu corpo 24 horas por dia, 7 dias por semana – enquanto esperava um doador para o transplante, ele conseguiu até jogar basquete. 

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O órgão robótico, que substitui o de verdade, se chama SynCardia, um mecanismo desenvolvido pela Universidade de Michigan em 2001. Ele tem se tornado popular desde 2008, quando o Medicare (espécie de SUS dos EUA) começou a cobrir os custos da cirurgia. O motor do dispositivo fica do lado de fora do corpo, ligado ao sistema cardiovascular através de dois tubos, que bombeiam 9,5 litros de sangue por minuto. Apesar de ser meio desajeitado – são 6kg de fios e metais -, o SynCardia é pensado para ser prático: ele pode ser carregado na tomada ou no carro, e vem junto com uma mochila chamada Freedom, para que a pessoa não precise ficar de cama o tempo todo e possa viver com alguma autonomia. Claro, não é que o paciente vá usar o Syncardia a vida inteira – a ideia é que eles sirva como uma ponte para o transplante. Funciona assim:

O coração artificial, porém, só é indicado para pacientes que estejam realmente mal, e que não possam esperar nem um dia a mais por um transplante – exatamente o caso de Stan e seu irmão mais velho, Dominique. Ainda adolescentes, eles foram diagnosticados com cardiomiopatia, uma doença genética que pode causar parada cardíaca total (e não só de um dos lados do coração, como é mais comum). Nessa situação, nem um desfibrilador resolve, então para Stan e Dominique, restavam duas alternativas: o órgão artificial e o risco constante de morte.

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LEIA: Primeiro transplante de cabeça já tem data para acontecer

Os irmãos passaram dois anos na lista de espera para um transplante – o dobro da média dos Estados Unidos – e colocaram o SynCardia como último recurso. Dominique usou o dispositivo só por algumas semanas antes de receber um coração de verdade, mas Stan não teve tanta sorte: foram 555 dias até aparecer um doador compatível. Em uma coletiva de imprensa, ele contou que a pior parte era não poder carregar suas duas filhas pequenas no colo e nem dar carona de cavalinho. Mas, fora isso, ele surpreendeu os médicos: viveu sua vida normalmente (ou o mais normal possível enquanto carregava uma mochila de 6kg plugada no peito). 

Stan é uma das 1500 pessoas que receberam o SynCardia até agora nos Estados Unidos. Para 79% deles, o coração robô funcionou bem, e Larkin é o paciente que ficou mais tempo com a coisa plugada no peito. A descoberta é importante para ajudar quem está na lista de espera por um coração nos EUA.

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