Jogadores de futebol podem ter danos cerebrais sérios, diz estudo
Cientistas analisaram os casos de 6 atletas profissionais que morreram de demência depois de uma longa carreira nos campos. Todos eram grandes cabeceadores.
Uma nova pesquisa traz uma preocupação e um alerta para o mundo da bola: jogadores de futebol profissionais correm o risco de ter os mesmos danos cerebrais que lutadores de boxe. E, entre as consequências, estão a demência e a morte precoce.
Os impactos frequentes da bola com a cabeça e as colisões com outros jogadores em campo podem causar os problemas cognitivos. Para chegar à conclusão, neurologistas da University College London realizaram, com a permissão de familiares, exames póstumos em seis homens que morreram com demência – todos tiveram uma longa carreira no futebol (em média, 26 anos jogando) e eram ótimos cabeceadores.
Nos testes, foram encontradas evidências de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), que pode causar demência, em quatro dos seis cérebros analisados. Também foi detectado que a doença apareceu dez anos mais cedo – em comparação com a média das pessoas “comuns” que sofrem com o mal. E todas as amostras apresentaram sinais de mal de Alzheimer.
Especialistas afirmam que devem fazer mais pesquisas para provar que realmente existe uma ligação entre o gol de cabeça e a demência, e acrescentam que o risco é mínimo para os que jogam ocasionalmente.
“Se pudermos demonstrar que o risco é maior em jogadores do que na população normal, então precisaremos pensar em estratégias preventivas”, explicou Helen Ling, uma das autoras da pesquisa, ao Telegraph. O estudo, que foi publicado na revista Acta Neuropathologica, ganhou o apoio da chefe de medicina da Associação de Futebol da Inglaterra (FA), Charlotte Cowie. A médica, inclusive, disse que a FA deve colaborar para que os resultados sejam completos e sirvam de referência para a comunidade esportiva.
No hall dos jogadores que foram estudados e foram vítimas da demência, há alguns famosos: Bellini (1930 – 2014), que foi capitão da Seleção Brasileira na conquista do primeiro título mundial, em 1958; e Jeff Astle (1942 – 2002), atacante da Seleção da Inglaterra e campeão mundial em 1966.
Em 2014, na final da Copa do Mundo, o volante alemão Christoph Kramer se chocou com um jogador da Argentina e foi substituído no primeiro tempo. Até hoje ele não se lembra que seu time foi campeão mundial e nem da comemoração do título, que rolou logo em seguida.