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Médico que passa confiança a paciente ajuda placebo a funcionar

Você acha seu médico legal? Competente? Só isso já pode ajudar na recuperação, independente do perfil profissional

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 out 2018, 11h08 - Publicado em 8 nov 2017, 19h16

Já ouviu falar no efeito placebo? É uma reação bastante estranha do corpo, a melhora de um quadro de doença depois que o enfermo toma um remédio falso (comprimido de açúcar, pílula de farinha) acreditando que está sendo medicado para valer. Agora, um novo estudo investigou como a personalidade do médico e sua relação com o paciente contribuem para esse fenômeno.

O placebo já é conhecido há anos e faz até parte do teste padrão de remédios. Você dá uma substância química para um grupo, e um comprimido idêntico, mas vazio, para outro. Se o efeito do seu medicamento trouxer resultados melhores que o placebo, ele é promissor.

O doido mesmo é que, dentro desse grupo que toma a pílula sem princípio ativo nenhum, cerca de 40% dos pacientes começam a apresentar sinais de recuperação. Não só se sentem melhor, como também têm redução efetiva dos sintomas. Ainda não entendemos exatamente como o corpo promove essa recuperação, mas já identificamos, por exemplo, a principal área do cérebro ativada nessa situação.

Os relatos médicos sobre recuperações surpreendentes com placebo costumam citar a atenção de profissionais de saúde e a sensação de estar amparado pelos médicos (e pelo remédio) como fatores que poderiam contribuir para a melhora do quadro. Sempre fez sentido, mas agora um estudo da Universidade de Stanford tem números para comprovar.

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O experimento selecionou 164 voluntários, que achavam estar participando de uma pesquisa sobre comida. Logo que entraram no laboratório, uma médica dizia que ia aplicar um teste de alergia.

O que ela fazia era dar uma injeção de histamina, para provocar uma reação alérgica na pele. Depois, ela aplicava um creme sobre a alergia, que era completamente inerte, sem princípio ativo nenhum.

Aí começava a parte do efeito placebo. Como o fenômeno tem muito a ver com a expectativa que o paciente tem sobre o tratamento, para metade dos participantes a médica dizia que o creme melhoraria a alergia. Para a outra metade, que a reação ia piorar (imagine o pânico dos voluntários).

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Além disso, a médica também tratava voluntários de forma diferente. Alguns eram recebidos em um consultório limpo, organizado e tinham uma conversa com a médica em que ela usava termos eloquentes e olhava nos olhos enquanto falava. Outro, o contrário: a profissional era confusa e desorganizada.

O último fator que variava era a simpatia do atendimento. Alguns voluntários eram atendidos com a maior consideração: a médica perguntava o nome deles e se apresentava. Para outros, ela era indiferente, distante e apressada.

Você já deve ter conhecido todos esses perfis de profissionais. O que é realmente surpreendente é que o tipo de atendimento mudava o tamanho da reação alérgica que cada paciente demonstrava.

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Quem recebeu o “atendimento de ouro” (expectativa positiva, médico atencioso e competente) tinha o menor tamanho de reação alérgica, o que indica que a pomada de mentira funcionava melhor quando prescrita por um médico legal e confiável.

O fator expectativa ainda era o mais importante: acreditar que o tratamento não ia funcionar resultava em uma reação alérgica maior, por melhor que fosse o médico. Mas ter um médico aparentemente incompetente, desleixado e nem aí dava na mesma — por mais que ele insistisse que o creme funcionava, as outras características reduziam o efeito do placebo.

Para os pesquisadores, o experimento traz uma razão bastante convincente para que os médicos prestem mais atenção ao fator psicológico e à relação que é estabelecida nas consultas. Mas o principal é que a pesquisa mostra que o efeito placebo não é tão imprevisível e misterioso quanto costumávamos pensar — no fim das contas, é mais uma questão social de cuidado e amparo, com consequências muito diretas para a saúde do paciente.

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