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Novo exame de sangue detecta 8 tipos de câncer com 70% de precisão

O método também foi testado em 812 pessoas que não estavam doentes, para verificar o número de alarmes falsos. Foram apenas sete enganos.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 jan 2018, 14h42

O câncer, antes mesmo dos primeiros sintomas, começa a deixar rastros no sangue. Eles podem ser pequenos pedaços de DNA mutante, flutuando em meio a glóbulos vermelhos e brancos. Também podem ser proteínas com uma sequência de aminoácidos peculiar, que só poderiam ter sido fabricadas pelas células de um tumor.

Cada tipo de câncer – há mais de cem deles – deixa um rastro de substâncias diferente, um conjunto único de pegadas no seu corpo. É como quando duas pessoas, uma de chinelo e outra de coturno, pisam no cimento fresco da calçada. Agora estamos no caminho de identificar essas pegadas com uma agulhada – ainda nos primeiro estágios do tumor, quando o estrago não é tão grande e o tratamento quase sempre funciona.

É essa a promessa de um novo tipo de exame de sangue, anunciado ontem na Science. Quando aplicado a 1005 voluntários com câncer diagnosticado, identificou a doença e o órgão atingido em 70% dos casos – a taxa de sucesso variou entre 39% e 96% conforme o tipo. Tudo com um vidrinho do líquido, sem raio-x nem ressonância magnética. Entre os tipos testados, estão alguns dos mais comuns: mama, pulmão, ovário, fígado, estômago, pâncreas, esôfago e reto. O método também foi testado em 812 pessoas que não estavam doentes, para verificar o número de alarmes falsos. Foram apenas sete enganos.

É claro que ainda há muito a ser aperfeiçoado. A precisão cai para 40% quando são considerados apenas tumores no primeiro estágio de desenvolvimento. É justamente nessa fase, em que o câncer muitas vezes é assintomático, que o método seria mais valioso. Em uma situação ideal, pessoas aparentemente saudáveis poderiam identificar tumores em exames preventivos, desses rotineiros, que fazemos para medir colesterol – e tomar uma atitude enquanto ainda dá tempo.

Seja como for, agora que a ideia está lançada, fica mais fácil desenvolver versões mais eficientes do método – e também mais baratas, que poderão ser aplicadas a uma grande parcela da população. “Esse é um dos primeiros estudos a combinar biomarcadores proteicos e DNA de tumores circulando no sangue como ferramentas de diagnóstico”, afirmou ao The Guardian Chris Abbosh, do University College em Londres, que não participou do estudo. “Também em um dos primeiros a aplicar essas ferramentas a vários tipos de câncer em um grande número de pacientes.” Atualmente, cinco dos nove tumores analisados não tem teste preventivos (no jargão técnico, rastreio ou screening) eficientes. 

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