Obesidade altera sua noção de gosto das coisas
O comprometimento das papilas gustativas cria um ciclo vicioso, fazendo com que a pessoa busque comidas mais gordurosas para se satisfazer
Existe uma série de questões biológicas que impedem alguém de perder peso. Um grupo de pesquisadores americanos publicou nesta terça (20), na revista especializada PLOS Biology, um artigo que explica outro fator complicador: a obesidade afeta a nossa percepção de gosto das coisas e nos faz buscar comidas mais calóricas.
O estudo conduzido com ratos obesos constatou que eles possuem 25% menos papilas gustativas que os roedores no peso ideal. O aumento de peso reduz a sensibilidade ao gosto da comida, efeito que era revertido quando perdiam peso. As papilas gustativas humanas funcionam de maneira muito semelhante.
Para o rato, isso é uma má notícia, pois ele sente menos prazer se alimentando nessas condições. Para os humanos, a situação é ainda mais complicada, pelo simples fato de que, ao contrário dos ratos de laboratório, nós escolhemos o que vamos comer. Para alguém obeso, comidas saudáveis que são naturalmente suaves no nosso paladar, como alface, brócolis ou cenoura, podem não ter gosto algum — aumentando a tentação em buscar alimentos mais calóricos.
Outros estudos já apontavam para essa direção. Medindo atividades cerebrais, pesquisadores descobriram que aqueles com maior índice de massa corporal tinham menos prazer com gostos agradáveis e precisavam comer mais para obter o mesmo efeito de dopamina. Antes disso, nós já sabíamos que pessoas com menos sensibilidade aos sabores tendem a procurar alimentos mais doces e gordurosos. A obesidade é complexa e, muitas vezes, só ter força de vontade não basta.