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Obesos e passageiros aéreos têm os mesmos riscos de ter câncer

Um novo estudo comprovou que alterar o relógio biológico aumenta as chances de desenvolver câncer de fígado

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 nov 2016, 19h08 - Publicado em 23 nov 2016, 19h05

Esqueça as dores nas pernas, nas costas e a confusão na rotina ao mudar de fuso. Em uma viagem tão desgastante quanto São Paulo – Tóquio, por exemplo, a parte do seu corpo mais atingida é o fígado.

Cientistas da Faculdade Baylor de Medicina, em Houston, nos Estados Unidos, acreditam que, além da obesidade, o jet lag pode ser uma das principais razões para a explosão de casos de câncer de fígado em todo o mundo – o número de pessoas com carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum da doença, triplicou nos últimos 30 anos.

Quando viajamos em mudanças de fuso, o cérebro é exposto à luz em horários que, pelo nosso ciclo biológico, deveria estar entrando em “stand-by”. Mas, ao invés disso, ele entende como se fosse um novo dia, reseta o ciclo arcadiano e altera nossas funções vitais – à noite, com pouca luz, o contrário acontece.

LEIA: Como superar o jet lag?

Consequentemente, o jet lag modifica o ritmo de funcionamento do fígado, o que aumenta os níveis de ácido biliar criando acúmulos perigosos de gordura – semelhantes aos de pessoas obesas. Ambos são fatores conhecidos por impulsionares as chances de uma pessoa desenvolver câncer.

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Para chegar a essa relação “muitas horas de voo” versus “câncer de fígado”, os pesquisadores usaram luzes para simular diferentes fusos horários e, literalmente, fizeram alguns ratos trocar o dia pela noite para confundir o relógio biológico deles. Apesar dos ratinhos terem sido alimentados com uma dieta saudável, eles ganharam peso e tiveram maior propensão a desenvolver doenças relacionadas à gordura no fígado se comparado aos animais com padrões de sono normais.  Em alguns casos, o quadro dos ratos que tiveram problemas de gordura hepática evoluiu para câncer de fígado. Os roedores perdidos no tempo também perderam o controle do metabolismo e produziram mais ácidos biliares.

Os cientistas responsáveis por essa descoberta também estão pesquisando os impactos de outras mudanças de comportamento a que submetemos nosso organismo. Seja por jet lag, dormir pouco ou trocar o dia pela noite, os cientistas querem saber como o corpo reage quando alteramos nosso relógio biológico e como podemos ajudá-lo a diminuir esses impactos.

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