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Parar de fumar maconha melhora a memória – em 1 semana

Mudanças no cérebro começaram a ser percebidas com apenas três dias de abstinência.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2018, 16h53 - Publicado em 31 out 2018, 16h51

Você já deve ter ouvido falar sobre uma possível relação entre o uso de maconha e perda de memória. A causa e efeito é complicada de provar. Afinal, é muito difícil (ou impossível) eliminar variações individuais, como as naturais diferenças de memória entre as pessoas – sejam elas usuárias ou não. Pedir para pessoas fumarem só para fazer um estudo também pode gerar algumas complicações éticas ou legais. Entretanto, uma nova pesquisa pode ter conseguido cravar que a relação, de fato, existe. O estudo também faz outra afirmação de impacto: a memória pode ser recuperada após pouquíssimo tempo de abstinência.

Para se desvencilhar dos problemas técnico/éticos, a equipe da pesquisadora Randi Schuste, professora assistente em Harvard e pesquisadora na área de neurologia do Hospital de Massachusetts, resolveu ir pelo caminho contrário: ao invés de pedir para que os participantes começassem a fumar, exigiu de parte de suas cobaias a abstinência total – remunerada, para incentivar um comprometimento maior. Os pesquisadores também faziam testes de urina para confirmar a ausência de maconha no organismo dos participantes.

Foram recrutadas 88 pessoas, com idade entre 16 e 25 anos, que fumavam maconha pelo menos uma vez por semana. Dois terços deles foram selecionados, aleatoriamente, para parar de fumar. A partir daí, testes para comparar a capacidade de memorização desses participantes começaram a ser feitos semanalmente.

Os resultados foram rápidos. A memória dos abstêmios melhorou já na primeira semana sem fumar, e continuou assim até o final do estudo. Já entre os adeptos da cannabis, também houve um aumento na memorização, mas isso só aconteceu após um mês, e se deve a uma limitação do estudo  (segundo os cientistas, os voluntários estavam apenas se acostumando com o teste, não necessariamente melhorando sua memória).

Os pesquisadores analisaram os cérebros dos participantes e constataram que, por motivos ainda não compreendidos, os usuários de maconha possuem menos receptores canabinóides no hipocampo, parte do cérebro relacionada à memória. Após três dias sem usar a droga, o nível desses receptores voltava a aumentar.

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