Muito provavelmente, é bem diferente de como você faz. Pouco molho de soja, bastante raiz forte e o bolinho de ponta-cabeça. “O brasileiro diz que adora comida japonesa, mas na verdade acha o gosto meio insosso”, diz Lumi Toyoda, pesquisadora e consultora de cultura e etiqueta japonesa. O erro mais comum – considerado um sacrilégio pelos orientais – é encharcar o bolinho com shoyu, o molho de soja.
A origem do sushi é milenar e, assim como nossa carne-seca, nasceu da necessidade de armazenar peixe nas eras pré-geladeira. Para resolver o problema, pescadores alternavam camadas de frutos-do-mar com arroz numa tina de madeira coberta por um peso. Em semanas, a mistura virava um compacto e a fermentação dava o sabor ao arroz (o mesmo sabor que o sushiman consegue hoje usando açúcar e vinagre). O curioso é que a técnica pode ter surgido na China, inimiga histórica dos japoneses.
No formato que conhecemos hoje, o bolinho apareceu apenas no século 18 pelas mãos do chef Yohei Hanaya, que criou uma espécie de fast food em Edo, atual Tóquio. A idéia era servir comida rápida e acessível para trabalhadores, e os bolinhos nunca apareciam em jantares requintados. Por lá ainda é assim, e o sushi não tem nada a ver com a imagem refinada e cara que a culinária japonesa acabou adquirindo no Brasil.
Não seja gongado
O que você precisa saber para impressionar um sushiman
1. SUSHI (bolinho)
Errado: Comê-lo com o arroz virado para baixo
Certo: Levá-lo à boca com o peixe em contato com a língua
Banzai: Exige um pouco de malabarismo no começo, mas vale a pena. Afinal, as papilas gustativas que fazem você sentir o sabor da comida estão na língua, não no céu da boca. E o importante é sentir o gosto do peixe. Pelo menos é por isso que você está pagando tão caro
2. GARI (gengibre)
Errado: Comer como entrada, sobremesa ou petisco
Certo: Utilizar entre um bolinho e outro, para limpar o paladar
Banzai: A função do gari é limpar o paladar para você encarar a próxima espécie de peixe. “Funciona como um sorbet”, explica Lumi. As lascas de gengibre devem estar rígidas – o nome gari vem do barulho produzido quando mordemos coisas crocantes
3. WASABI (pasta verde)
Errado: Sobre o peixe ou diluído no shoyu
Certo: Deve ser colocado durante a preparação, entre o arroz e o peixe
Banzai: Além de dar gosto, o wasabi tem funções higiênicas: é antídoto contra intoxicação alimentar – providencial para quem está comendo peixe cru – e acelera a digestão. O peixe fica menos tempo no corpo e não corre o risco de entrar em estado de putrefação
4. HASHI (palitos)
Errado: Cruzá-los ou espetá-los no bolinho
Certo: Manter os palitos paralelos ou usar as mãos
Banzai: Espetar o hashi no bolinho lembra um ritual fúnebre japonês com incenso. Se você não sabe manejá-los, mãos à obra. “Usar os dedos está de acordo com a etiqueta. Especialmente no balcão, onde é normal fazer refeições mais rápidas”, diz Lumi
5. SHOYU (molho de soja)
Errado: Ensopar o sushi no molho de soja
Certo: Molhar levemente o peixe e evitar contato com o arroz
Banzai: Faça um sushiman feliz: não exagere no shoyu. “O molho deve acrescentar e não roubar sabor. É aqui que a maioria dos brasileiros erra”, diz Lumi. O arroz é temperado com vinagre e açúcar e não deve encostar no molho de soja