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Um jogo de montar, a visão

O cérebro transforma cada imagem num quebra-cabeças. Ele divide o que você vê em vários pedaços e depois monta tudo outra vez.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 1 jun 1998, 22h00

Claudio Angelo

O olho capta as imagens do mundo exterior mas, na verdade, não vê nada. Toda a luz projetada na retina é decomposta e transformada em sinais elétricos. Eles seguem, então, pelo nervo ótico e são decodificados na parte de trás do cérebro, o córtex visual. É ele que reconhece as cores e as formas, além de sobrepor as imagens dos dois olhos e perceber os movimentos. O córtex visual ainda funciona às vezes de arquivo, guardando as imagens na memória e combinando-as sempre que necessário. Os cientistas ainda estão queimando neurônios para saber como esse superlaboratório fotográfico trabalha. Mas sabem que pelo menos metade do córtex, a sede da inteligência, está associado à visão.

“O processo de percepção visual é mais ou menos como a digestão de um bife”, compara o neurofisiologista Vinicius Baldo, da USP. “As imagens são quebradas e cada área do córtex analisa um pedaço separadamente.” Esse processo começa na própria retina. Uma camada de células nervosas capta os impulsos gerados nos cones e bastonetes e os despacha para o tálamo, no meio do cérebro, pelo nervo ótico. De lá, os impulsos são transferidos para o córtex visual primário, também chamado V1 (veja o infográfico abaixo). Essa área tem células especializadas no reconhecimento de linhas. Para essas células não interessa o recheio da imagem, e sim os contornos. As imagens tridimensionais são decompostas em bordas, interpretadas a partir da relação entre claro e escuro. É por isso que você reconhece uma pintura como uma imagem em três dimensões, apesar de ela só ter largura e altura. Na área V1 estão ainda as “portas”, por onde o impulso nervoso viaja para outras áreas do córtex. “O grande mistério é saber em que momento todas essas partes se juntam”, afirma Baldo. “Essa é a chave da consciência”.

Alcance versus profundidade

A visão da presa e a do predador.

ELE VÊ TUDO

O cavalo tem olhos nos lados da cabeça. Como é um herbívoro, ele precisa de um campo de visão grande para escapar de predadores. Mas sua visão tridimensional (em azul escuro) é muito limitada.

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VOCÊ VÊ BEM

Os olhos do homem ficam na frente da cabeça. Isso reduz o campo de visão para apenas 180 graus, mas aumenta a visão tridimensional. Como é um animal caçador, o homem precisa ver em profundidade.

Viagem fantástica

Acompanhe o percurso da imagem no cérebro.

Quando você vê uma maçã vermelha caindo de uma árvore, o que você está vendo é uma maçã vermelha caindo de uma árvore. Parece uma tola obviedade, mas se você considerar o caminho do impulso visual no cérebro, vai agradecer essa imagem tão óbvia: ela é resultado de uma complexa divisão de trabalho.

A CÂMERA

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O olho capta a imagem, que chega invertida ao centro visual da retina. Para chegar ao cérebro, ela será convertida em impulso elétrico pelos cones e os bastonetes, que estão ligados a células nervosas.

OS FIOS

O impulso é transformado em eletricidade e viaja pelo nervo ótico, formado pelos prolongamentos das células da retina (axônios).

A CENTRAL DISTRIBUIDORA

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No tálamo, os axônios são agrupados em camadas. Parte deles vai para o colículo superior, uma área do cérebro relacionada com os reflexos da pupila. Outra parte vai para o córtex visual.

REGISTRO DA AÇÃO

O movimento da fruta caindo estimula a área do córtex chamada V5. Ela não se relaciona com o que é visto, e sim com a posição da imagem.

O CENTRO DAS CORES

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A cor da maçã estimula a chamada área V4 do córtex, capaz de reconhecer várias tonalidades.

MAPEANDO CONTORNOS

As bordas da imagem são processadas no próprio córtex visual primário (V1). O que se vê são os contornos da maçã.

O ROTEIRO

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O desenho do cérebro mostra a trilha do impulso visual até o córtex. O quiasma é onde os nervos óticos se cruzam, garantindo que cada hemisfério receba imagens dos dois olhos.

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO

A área V1 é onde a informação visual começa a ser revelada. Essa camada, de apenas 2 milímetros de espessura, possui três tipos de células nervosas, cada um deles relacionado com uma função. De lá, os impulsos seguem para áreas mais especializadas do córtex.

A máquina de chorar

Tudo começa com um choque elétrico.

Quando uma forte dor – física ou emocional – nos atinge, o choro é quase inevitável. O que desencadeia esse processo é uma complicada cadeia de comando no cérebro, que começa no córtex e termina nas glândulas lacrimais. Os impulsos elétricos gerados no cérebro acabam estimulando os nervos que passam pelas glândulas lacrimais. Esses nervos lançam uma dose do hormônio acetilcolina nas glândulas. “Isso faz com que elas descarreguem o líquido em estoque”, diz o neurologista Ademir Baptista Silva, da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

Quem sabe é super

Você sabe de onde vem a expressão lágrimas de crocodilo? Esse réptil chora quando devora suas presas, só que não por dó. A pressão de suas mandíbulas é tão grande que comprime o canal lacrimal, provocando o “choro”.

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