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Vacina da gripe é menos eficaz para obesos, diz estudo

Porcentagem de pessoas obesas que contraíram gripe mesmo após a vacinação é quase duas vezes maior em comparação a quem está no peso ideal.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 11 mar 2024, 15h21 - Publicado em 6 jun 2017, 19h02

É uma relação quase lógica: conforme os meses mais frios se aproximam e as temperaturas vão ficando menores, aumentam os casos de gripe. Estima-se que, a cada ano, entre 5% e 15% das pessoas em todo o mundo sejam infectadas. No Brasil, o período em que o influenza mais costuma fazer a festa é entre de abril e outubro – salvo no caso de surtos, quando a doença surge no momento e no lugar em que lhe dá na telha.

A fim de diminuir os índices de espirros e narizes escorrendo durante esses meses mais críticos, é normal que os governos se preparem para oferecer à população vacinas contra o vírus. Por aqui, inclusive, a campanha nacional de vacinação contra a gripe passou a valer em todos os postos de saúde do país na última segunda-feira, 5.

Estar vacinado não necessariamente significa risco zero de contrair gripe – mesmo quem ganhou os anticorpos ainda tem uma pequena chance. Mas, para algumas pessoas, essa proteção pode ser menor ainda. É o caso dos obesos: a vacina da gripe se mostrou menos eficaz para eles em um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA.

O experimento que o grupo desenvolveu consta em uma pesquisa publicada no International Journal of Obesity. Os cientistas analisaram a resposta imune de 1022 pessoas às vacinas durante duas temporadas de gripe (2013-2014 e 2014-2015) em território norte-americano.

No grupo, havia pessoas com o peso ideal, acima do peso e obesos. Todos os participantes foram vacinados contra a gripe. A partir de testes de laboratório e dos sintomas que cada um declarou ter (registrados antes e até 35 dias depois da vacinação), os cientistas detectaram quem estava gripado e quem não – e a quantidade de anticorpos que cada um estava preparando para lidar com o vírus invasor.

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Não houve diferenças significativas no número de anticorpos em cada cobaia – seja quem acreditava estar doente e quem não, os que estavam no peso ideal ou aqueles que acumulavam uns quilos a mais.Porém, enquanto apenas 5,1% dos participantes com peso normal foram infectados pelo influenza, esse número foi quase o dobro no caso dos obesos: 9,8%.

Para Melinda Meck, uma das autoras do estudo, é provável que isso esteja ligado ao funcionamento incorreto dos linfócitos T do organismo. Essas estruturas são um tipo específico de glóbulo branco, nosso mais famoso soldado de defesa, e são essenciais na proteção e recuperação de doenças virais, como a gripe. Nas pessoas obesas, tais células não captariam o estímulo feito pela vacina da gripe – deixando, assim, os gordinhos mais vulneráveis.

A obesidade já era tida como um dos fatores determinantes para aumento do risco de morte pelo influenza. Os resultados dessa nova descoberta sugerem, agora, que pessoas obesas precisam de imunização especializada. O que faz sentido, sobretudo se considerarmos a desvantagem que quem está muito acima do peso possui no grau de eficácia das vacinas utilizadas ao redor do mundo – mediano na maioria dos casos.

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