5 frases de para-choque para explicar a greve dos caminhoneiros
"Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho."
1.
O brasileiro, na média, seguiu o conselho do para-choque aí em cima: uma pesquisa de opinião pública divulgada na última sexta (25) revelou que 86% da população apoia a greve dos caminhoneiros, e 97% concorda que os postos estão enfiando a faca. A raiz da insatisfação está em julho de 2017, quando uma revisão na política de preços da Petrobrás fez o diesel — que já é alvo de impostos consideráveis — subir 56% (entenda melhor aqui na SUPER). Hoje, quase 42% do que um motorista ganha com um frete vai embora com combustível.
2.
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A Polícia Federal (PF) está investigando se alguns dos caminhoneiros estão parados por ordem de seus patrões — uma espécie de greve às avessas chamada “locaute”, que é ilegal. Embora vários dos motoristas do movimento sejam autônomos, também há funcionários de carteira assinada, vinculados a empresas de frete. E empresas que vivem de mandar caminhões para cima e para baixo têm tanto interesse em baixar o preço do diesel quanto os caminhoneiros freelancer. Esse é um caso raro em que patrões e empregados concordam com uma mesma reivindicação — o que torna mais difícil saber onde termina a vontade dos contratados e onde começa a dos contratantes.
3.
60% das mercadorias do país circulam nos baús e caçambas de caminhões — o incentivo governamental ao transporte rodoviário remonta aos governos Washington Luís e JK, nas décadas de 1920 e de 1950, e acabou no sucateamento da malha ferroviária brasileira. Com a interrupção do movimento de mercadorias entre campo e cidade, os supermercados estão sofrendo com as prateleiras vazias enquanto produtores amargam prejuízos (e desperdícios) monumentais. 520 mil litros de leite estão sendo descartados por dia só em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. No país todo, estima-se que 64 milhões de galinhas serão sacrificadas porque não há ração para alimentá-las.
4.
Uma pequena coletânea vai de brinde, mas o destaque é a frase do canto superior direito. A insatisfação dos caminhoneiros vai além de impostos e ajuste de preços – reflete a impopularidade da gestão Temer e a crise de representação política por que passa a democracia brasileira. Os grevistas têm posições políticas variadas, mas, na média, preferem que sua imagem não esteja associada a centrais sindicais e a partidos de esquerda. “Sabe que todo caminhoneiro vota no Bolsonaro, né?”, afirmou um dos líderes do movimento à revista Piauí. “É porque o plano dele para nossa classe é claro. Ele vai nos valorizar e cuidar da segurança.”
5.
E põe longa nisso: o governo federal já atendeu algumas das reivindicações, mas as lideranças afirmam que ainda não alcançaram o essencial — a isenção de impostos sobre o diesel e o estabelecimento de um pagamento mínimo por frete — e prometem continuar em grupos de WhatsApp. A medida mais generosa oferecida Temer envolve uma redução de R$ 0,46 no preço do litro por dois meses. O valor, em teoria, cobre a carga tributária embutida no valor do diesel, e custará 13,5 bilhões aos cofres públicos. Outras greves já estão no forno: os petroleiros prometem interromper as atividades por 72 horas a partir desta quarta (30).