As 6 tradições de Natal mais bizarras do mundo
Uma cidade que cai na porrada, um bode de palha incendiado – e um tronco que "defeca" presentes. Se você se cansou da sua festa natalina, opções não faltam.
Texto originalmente publicado em 2017.
Se você acha sua família estranha na época de festas, é porque ainda não conhece o vilarejo que sai na porrada anualmente nem o bode de palha que já sofreu mais tentativas de assassinato que Fidel Castro. Reunimos as mais estranhas, interessantes e hilárias tradições de Natal ao redor do mundo:
Peru: Porrada da paz
Música, bebida, decorações, fantasias coloridas… e socos na cara. O Natal na província de Chumbivilcas, no Peru, é uma mistura de Carnaval com MMA. Isso porque, além de comer, beber e dançar, as comunidades se juntam em ginásios esportivos com um único propósito: sair na porrada.
O festival Takanakuy é um UFC da paz. No dia 25 de dezembro, começa a procissão: homens cantam em falsete chamando as pessoas até os ginásios. Desde pequenas as crianças aprendem que aquele som significa que chegou a hora de lavar a roupa suja.
Os membros dos vilarejos – homens e mulheres, jovens e velhos – chamam por nome e sobrenome aqueles contra quem querem lutar. O motivo pode ser uma briga pessoal ou uma disputa comercial, por exemplo. Um juiz coordena a briga, tanto para que ela não dure tempo demais quanto para garantir que os lutadores cumpram as regras. Não pode bater no adversário caído, morder ou puxar os cabelos. A luta também tem certo apelo estético: como é um show para 3 mil pessoas, os lutadores precisam demonstrar golpes ágeis e habilidosos.
O objetivo por trás da tradição é que não fique nenhuma pendência entre os vizinhos e assim, a comunidade evite a violência desorganizada – o que não quer dizer que eles não aproveitem o Natal para bater de verdade:
Suécia: Bode em chamas
A temporada de festas na Suécia e em outros países europeus é chamada de Yule – e nessas festividades, existe a figura mítica do Bode de Natal. Ligado ao deus Thor, que andava em carruagens carregadas por bodes, o Bode Natalino representa a transição e o início das festividades, como predecessor do Papai Noel.
Todo ano, desde 1966, a cidade sueca de Gävle constrói um Bode Natalino gigantesco, feito de palha, para comemorar as Festas. Neste primeiro ano, o bode durou até a meia noite do Ano Novo – e aí começou uma outra tradição acidental, para o terror do governo local.
Todo ano o bode sofre verdadeiros atentados por parte da população, que parece ver mais graça em ver a palha queimar do que em ter um ornamento de Natal. Em novembro de 2016, o bode foi construído pela 50ª vez. De lá para cá, ele só sobreviveu 14 vezes.
A administração local tentou de tudo. Construíram uma cerca. Dois anos depois, adolescentes bêbados queimaram o bode de longe, apenas 6 horas depois da construção. Em 1979, dobradinha: o primeiro bode queimou e o segundo foi feito à prova de fogo. Não adiantou: quebraram o segundo na mão mesmo.
Os anos em que o bode sobreviveu foram marcados por esquemas gigantes de segurança, com uma tropa de voluntários em 1990 e a presença da guarda suíça em 1993. Em 1996, foram instaladas câmeras de segurança. Em 2000, o bicho foi queimado e depois afogado no Rio Gävle. Em 2001, um turista americano ficou preso por 18 dias por ter incendiado o bode – e alegou que, até onde ele sabia, a prática era perfeitamente legal.
De lá para cá, o bode foi sequestrado em uma caminhonete, as webcams de segurança foram hackeadas e ele sofreu uma tentativa falha de sequestro via helicóptero. Não adiantou proteger com químicos antichamas nem reforçar a palha com camadas de gelo. A tradição vândala permaneceu.
A última vez que o animal de palha sobreviveu foi em 2014, quando sofreu três tentativas de incêndio. Não é surpresa então que, em 2016, aniversário de 50 anos do Bode Natalino, um incendiário tenha atacado o ornamento com gasolina, como mostra a imagem acima. O bicho queimou e foi substituído por uma pequena réplica que, por sua vez, foi atropelada por um carro.
Espanha: Caga Tio
Nessa tradição da Catalunha, as crianças precisam “cultivar” um tronco de árvore. O Tío (tronco) ganha um rostinho e um cobertor. Precisa ser alimentado e aquecido todos os dias. Os pais mais dedicados chegam a trocar os troncos por pedaços maiores de madeira para fazer parecer que o tronco cresceu.
No dia da entrega de presentes, toda essa ternura muda de figura: as crianças batem com gravetos, cantando “Caga, tío” – literalmente pedindo para o tronco defecar seus presentes. Logo antes de começar a cantoria e a agressão, as crianças saem da sala e os pais depositam presentes pequenos debaixo da manta. Assim, depois que surraram o tronco o suficiente, as crianças retiram a manta e TÃ-DÃ: o intestino dos troncos deu origem a seus presentes de Natal. E você aí achando legal encontrar seu presente debaixo da árvore.
Canadá: Terror Natalino
Em Newfoundland e Labrador, áreas afastadas do Canadá, as pessoas vestem máscaras – algumas bonitinhas, outras assustadoras – e saem entrando na casa umas das outras. O dono da casa só se livra dos visitantes quando consegue adivinhar quem está por trás de cada máscara. Então eles seguem para a próxima casa.
A procissão do terror é uma antiga tradição inglesa chamada de “mummery”, que só sobreviveu nessas regiões canadenses e em certas partes da Irlanda. Hoje em dia a tradição não é mais tão popular, mas quem deseja mantê-la – sem atrapalhar demais a privacidade alheia no Natal – pode participar de eventos como o Mummer’s Festival. É só montar a fantasia com o que tiver em casa, sem nada do glamour do Halloween, e mudar voz e até o jeito de andar para se tornar irreconhecível.
Venezuela: Missa sobre Rodas
Ir à missa na véspera de Natal não é nada de estranho para brasileiros. Mas, na Venezuela, crianças e adolescentes ganham passe livre para ir de patins até a igreja, se forem à primeira missa do dia em Caracas, na capital do país. A tradição modernizada inclui a criação de festivais de rua, com brinquedos infláveis infantis e ruas totalmente fechadas para que as crianças passem o dia patinando em segurança.
Groenlândia: Peru Esquisito
Há algo de podre no Reino da Groenlândia. Esqueça o peru ou o chester de Natal: a ceia da população groenlandesa começa sete meses antes das festividades. Isso porque o prato típico é o Kiviak. Caçam-se aves típicas da região, que são colocadas dentro de uma pele de foca e enterradas. Lá dentro, elas fermentam por meses até a chegada do Natal, quando as aves putrefatas são preparadas para o banquete.