Bark Air: Companhia aérea para cachorros inaugura nos Estados Unidos
A empresa fez os primeiros voos partindo de Nova York e Los Angeles na última semana. A passagem para o tutor e o animal chegam a custar R$41 mil.
Na última quinta-feira (23), a companhia aérea Bark Air fez seu voo inaugural. O jatinho partiu de Nova York com destino a Los Angeles com 17 passageiros a bordo: seis cães e onze humanos. A cabine da aeronave foi adaptada para receber os animais, se especializando no transporte (de luxo) de cães e gatos.
A companhia pertence à Bark, uma empresa de produtos para animais de estimação. Para viabilizar os voos, a empresa pet fez uma parceria com a Talon Air, uma companhia que oferece jatos privados do modelo Gulfstream G500.
Quem já voou com animais de estimação sabe que a experiência pode ser traumatizante para os bichos. A maioria das companhias aéreas comerciais brasileiras permite o transporte de 10kg (animal + jaula) dentro da cabine com o tutor. Passando disso, o animal deve ir no bagageiro, onde está sujeito a temperaturas extremas, falta de estímulo e estresse.
Sem contar, é claro, incidentes graves. Em abril deste ano, um cachorro da raça golden retriever morreu após um erro no transporte feito pela companhia Gol. Ele deveria ir com seu tutor de Guarulhos (SP) para Sinop (MT), mas foi levado para Fortaleza (CE). Após constatar o erro, a Gol trouxe o animal de volta para Guarulhos, onde foi encontrado morto. O trajeto total deveria durar duas horas e meia, mas acabou levando oito horas.
As linhas aéreas especializadas em animais não possuem restrição de peso ou raça para voar na cabine. Além disso, eles não precisam estar em jaulas.
Por enquanto, a Bark Air voa entre Los Angeles, Nova York e Londres. O preço é bastante salgado, mesmo para americanos: uma passagem de ida de Nova York para Los Angeles custa US$6.000 (pouco mais de R$31.000). Para Londres, o valor é US$8.000 (R$41.000). A passagem vale para um animal e um humano.
Agora, vamos às regalias que acompanham o preço exorbitante. A bordo, os cães são recebidos com guloseimas, água ou caldo de osso. Eles podem usar um colete anti pânico e abafador de ruído para evitar o estresse na decolagem e pouso da aeronave. Os animais não precisam de coleira: eles podem circular pela cabine, socializar uns com os outros ou ficar próximos aos tutores.
A filosofia da empresa é que “nenhum cachorro deveria voar em um caixote”. Para ilustrar isso, a Bark Air postou um vídeo mostrando o CEO Matt Meeker viajando como um cão de grande porte, em uma caixa específica para transporte. Dá uma olhada.
Essa não é a primeira empresa especializada em transporte aéreo de animais de estimação na cabine. A K9, lançada em 2022, oferece um serviço semelhante, com opções de voos dos Estados Unidos para Itália, França, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Portugal, Espanha e Emirados Árabes. Como na Bark Air, a aeronave acomoda cerca de 10 pessoas e seus pets, mas o preço é ainda mais salgado: uma passagem de Nova Jersey para Londres chega a custar US$10.850 (R$55.800). No site da empresa, há diversos voos esgotados.
Pouquíssimas pessoas podem dar esse conforto a seus animais de estimação. Além disso, uma pessoa que voa em um jato privado emite de 10 a 20 vezes mais carbono do que se viajasse em um avião comercial – outro problema que precisa ser contornado para evitar o agravamento da crise climática.
Para a maioria dos tutores, o que resta é pressionar para que as companhias aéreas comerciais ofereçam condições dignas e tratem com responsabilidade o transporte de animais.