Conheça a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, que foi tomada pelo exército russo
Ataque causou preocupação internacional sobre as instalações da maior usina da Europa – mas ela tem um dos tipos de reatores mais seguros do mundo. Entenda sua importância para a Ucrânia.
A Ucrânia é bastante dependente da energia nuclear. O país têm quatro usinas em operação, com 15 reatores, que geram cerca de metade de sua eletricidade. A principal delas é a Zaporizhzhia, que foi tomada nesta sexta-feira (4) pelo exército russo.
Zaporizhzhia está localizada na cidade de Enerhodar, no sudeste da Ucrânia, nas margens de uma represa no rio Dnieper. Opera desde 1984, é a maior usina nuclear da Europa e a nona maior do mundo em produção de energia.
Normalmente, Zaporizhzhia produz um quinto da eletricidade da Ucrânia e cerca de 40% da eletricidade gerada por todas as centrais nucleares do país. Ela possui seis reatores de água pressurizada, que podem gerar cerca de 950 megawatts – são 5,7 mil megawatts no total, energia suficiente para abastecer 4 milhões de residências.
Um incêndio começou em um prédio de treinamento na noite da ontem (03), do lado de fora do complexo de reatores, depois de ser bombardeado pelo exército russo. Após o ocorrido, a maioria das unidades da usina tiveram funcionamento interrompido. Dos seis reatores, cinco estão em modo de segurança (ou seja, não estão em operação), e uma unidade continua funcionando, a 60% da capacidade.
Ameaça de radiação
Depois do ataque russo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de querer repetir a tragédia de Chernobyl, ocorrida em 1986. Mas, por enquanto, especialistas afirmam que o perigo imediato do ataque parece ser baixo.
Após o incêndio ser controlado, verificou-se que os reatores não foram atingidos, assim como os sistemas de segurança da usina, e a radiação por lá foi considerada dentro dos limites normais.
A tecnologia de Zaporizhzhia é bem diferente de Chernobyl. Os reatores de água pressurizada da usina, por exemplo, são o tipo mais usado no mundo e considerado o mais seguro. (Ele é usado na usina de Angra II, por exemplo, no Rio de Janeiro. Você pode entender seu funcionamento nesta matéria da Super.)
Esses reatores têm sistemas de resfriamento de emergência e grandes contenções de concreto e aço. São projetados para resistir a possíveis danos de incêndios e terremotos, por exemplo.
Não há proteção contra artilharia, mas especialistas consideram improvável que os reatores sejam atacados diretamente dessa forma – afinal, um acidente nuclear não seria vantajoso para ninguém. O controle de Zaporizhzhia por parte do exército russo parece ter razões estratégicas – assim como de Chernobyl, tomada na última quinta-feira (24). Uma forma de causar tensão e avançar na ocupação do território.
Ainda que os reatores não sejam atingidos diretamente por artilharia, há outros riscos no local, que envolvem o armazenamento de elementos combustíveis usados, o risco de enchentes e estouro de barragem – além da perda de energia elétrica na Ucrânia.