Nos EUA, empresas oferecem recompensas a clientes e funcionários para acelerar vacinação
O ceticismo de alguns americanos levou empresas como a Apple, Pepsi e McDonald`s a oferecerem folgas remuneradas para quem fosse se vacinar. O objetivo do país é imunizar 70% dos adultos até julho.
Cerca de 60% da população americana já recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19. O plano do presidente do país, Joe Biden, é ter 70% dos adultos vacinados com uma dose e 160 milhões de pessoas totalmente imunizadas até o Dia da Independência dos EUA, em 4 de julho.
Com um mês até o feriado, a meta parece simples de ser cumprida. Mas não é bem assim: os EUA têm enfrentado dificuldades em sua campanha de vacinação. O país, que está aplicando os imunizantes das farmacêuticas Pfizer/BioNTech, Moderna e Johnson & Johnson, viu seus habitantes procurarem ativamente pelos centros de vacinação no início da campanha. Agora, a procura caiu – o que forçou Biden a declarar junho como o “mês nacional da ação”.
Uma das iniciativas solicitadas pelo governo foi que as farmacêuticas ficassem abertas por mais horas durante esse mês. Fora isso, foi feito um acordo com instituições de cuidados infantis, como a YMCA e a KinderCare, para que os pais possam deixar seus filhos nos locais de forma gratuita enquanto vão se vacinar ou se recuperam de possíveis efeitos colaterais da dose. Já aplicativos de transporte, como a Lyft e a Uber, também estão oferecendo corridas grátis até os centros de vacinação.
Há também recompensas para quem já foi vacinado. Fãs da NFL (a liga de futebol americano) que tiverem o comprovante de imunização, por exemplo, ganham 25% de desconto em produtos oficiais, além da participação em sorteios de ingressos para o Super Bowl LVI – a final do campeonato, em 2022.
O Spotify também sorteará ingressos para shows de artistas independentes. A Microsoft vai doar milhares de videogames Xbox para organizações juvenis localizadas em áreas fortemente afetadas pela Covid-19 como forma de incentivar a vacinação. Até mesmo os usuários do app de namoro Tinder saem no lucro: usuários que divulgarem seu status de vacinação no perfil terão acesso a recursos exclusivos.
Para quem é da casa
Algumas empresas criaram benefícios para incentivar os seus próprios funcionários. A Amazon, por exemplo, oferece US$ 80 aos empregados de sua linha de frente que forem vacinar. Apple, Lego, Starbucks, Pepsi, Disney e McDonalds vão ceder folgas remuneradas parciais ou totais para que o trabalhador procure os centros de vacinação. A rede de supermercados Walmart juntou os dois: licença remunerada e mais US$ 75.
Os “mimos” servem de apelo para que a população vá aos centros de vacinação. Uma reportagem publicada no jornal USA Today mostrou que muitos trabalhadores do setor de saúde americano não querem tomar vacina. De acordo com uma pesquisa levantada pela publicação, as taxas de vacinação em nove redes de hospitais analisadas variavam entre 53% e 72%. Enquanto isso, a taxa entre 15 dos maiores hospitais públicos do país alternavam de 51% a 91%. Os valores são consideravelmente baixos – ainda mais levando em conta que os trabalhadores de hospitais foram os primeiros a receber a vacina.
Muitos americanos têm negado a vacina por medo de possíveis efeitos colaterais – o argumento utilizado é o de que os imunizantes foram desenvolvidos e aprovados pelo FDA (a Anvisa americana) muito rapidamente, de forma emergencial. Além dos céticos, uma pesquisa realizada pela Universidade de Monmouth (EUA) indicou também a influência política na hora da vacinação: ao serem questionados, 43% dos republicanos disseram que não planejavam se vacinar; entre os democratas, essa taxa foi de 5%.
Os EUA possuem vacinas de sobra para toda a população – inclusive, liberaram imunizantes para incentivar o turismo. Nesta quinta-feira (3), o governo americano anunciou a doação 25 milhões de doses para outros países – 6 milhões delas virão para a América do Sul e Central.
No Brasil, onde a vacinação caminha a passos lentos, é possível encontrar também algumas formas de incentivo. O governo do Mato Grosso do Sul prometeu repassar cerca de R$ 5,8 milhões aos municípios que aplicarem em sua população mais de 90% das doses recebidas.