Bicicletas de competição com motor escondido assombram o esporte
A cara de pau atinge um novo patamar: ciclistas estão usando bikes com motor escondido. É o "doping mecânico"
A belga Femke Van den Driessche era a favorita para ganhar um campeonato euroupeu de ciclistas abaixo de 23 anos. Mas a esportista de 19 anos acabou desclassificada. O motivo? Doping. Mas não foi um doping clássico, como o que tirou quase todas as medalhas e troféus do também ciclista Lance Armstrong, em 2012. No caso mais recente, um motorzinho foi encontrado dentro da bicicleta de Femke.
Existem bicicletas elétricas, utilizadas principalmente por pessoas que querem se locomover de bike, mas sem tanto esforço físico. Esse não é o caso, até porque é bem difícil esconder uma bateria gigante. Já o dispositivo Vivax Assist, que foi o que Femke supostamente utilizou, fica escondido dentro do quadro da bicicleta, na parte que sustenta o assento do ciclista.
O motor, de formato cilíndrico, tem 22 centímetros e 1,8 quilogramas. Ele é composto pelo motor em si, por uma engrenagem, bateria externa – que pode ficar escondida na parte feita para as garrafinhas d’água – e uma parte conectada à roda. Para acionar o mecanismo, é só apertar um pequeno botão que fica no guidão: você ganha mais 200 Watts de potência, o que aumenta a velocidade em aproximadamente 5km/h. É tudo bem discreto – até o ruído é baixo. O sistema é praticamente imperceptível.
Segundo a companhia, o produto não foi criado com a intenção de ajudar os ciclistas a trapacearem. Eles afirmam que o motor se destina a pacientes com problemas de coração, pessoas mais velhas ou que não podem fazer muito esforço físico. Dado o fato de que as vendas do Vivax Assist começaram 10 anos atrás, é de se imaginar que o caso da jovem belga não tenha sido o primeiro do tipo: só foi o primeiro a ser flagrado. O vídeo abaixo, por exemplo, mostra um competidor caindo de sua bicicleta. Mesmo no chão, a roda continua a girar com bastante velocidade
Para pegar os trapaceadores, a UCI (União Ciclística Internacional) usa um raio-X em algumas competições. Com ele, é possível ver qualquer objeto que esteja dentro da bicicleta. Depois do caso de Femke, a União deve reforçar a fiscalização – e sabe-se lá quantos outros esportistas serão flagrados.
Se você acha que isso é tudo que a tecnologia pode fazer pela fraude, está enganado. Uma reportagem do jornal italiano La Gazzetta dello Sport apontou a existência do doping eletromagnético, também utilizado em bicicletas. O sistema seria ainda menor, e ficaria posicionado diretamente nas rodas.