Esta garrafa purifica água usando apenas a energia de uma caminhada
Dez minutos andando bastam para fazer o aparelho funcionar. Objetivo do protótipo é facilitar o acesso à água potável em regiões mais pobres do planeta.
Pesquisadores de universidades na China e na Coreia do Sul desenvolveram uma garrafa com a capacidade de filtrar água de qualquer origem. Já existem modelos que fazem isso, claro. Mas o diferencial desse novo aparelho é que ele funciona a partir da energia de uma simples caminhada.
Funciona assim: os pesquisadores instalaram dentro de uma garrafa de 500 ml um eletrodo formado por nanorods – bastões em escala nanoscópica que funcionam como minicondutores. Esses nanords são capazes de acumular a energia eletrostática gerada a partir do movimento do nosso corpo (imagine alguém segurando a garrafa enquanto caminha).
A eletricidade acumulada na garrafinha é suficiente para matar ou inativar bactérias e vírus. Os testes realizados mostraram que uma caminhada de 10 minutos pode ser o suficiente para desinfetar a água coletada. Mas esse processo pode ser mais rápido, dependendo da velocidade da pessoa.
De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em quatro pessoas não possuem acesso a água potável de uma fonte segura. O consumo de água não tratada pode ser a porta de entrada para uma série de doenças infecciosas, como cólera, disenteria, hepatite A e por aí vai. Isso sem falar da intoxicação por metais.
O problema, claro, é mais severo nos países em desenvolvimento. Assim, diversas são as tecnologias desenvolvidas visando um método mais prático e rápido para purificar água. Quem não se lembra quando o bilionário Bill Gates passou a investir em uma tecnologia para a purificação de água com fezes?
A ideia do desenvolvimento da nova garrafa segue um objetivo parecido. Os pesquisadores procuraram desenvolver uma tecnologia autossuficiente e de fácil acesso. A um custo de menos de dois dólares, os pesquisadores acreditam que ela pode ser um diferencial para pessoas com baixas condições de acesso à água potável.
“Nossa abordagem de desinfecção de água é particularmente significativa para populações em regiões subdesenvolvidas, áreas isoladas, zonas de desastre e áreas de conflito que carecem de infraestrutura de saneamento adequada”, diz em entrevista à revista New Scientist Sang-Woo Kim, da Universidade Yonsei (Coreia do Sul) e um dos autores do estudo.
Zheng-Yang Huo, da Universidade Renmin da China e coautor do estudo, diz que o objetivo agora é buscar formas mais eficientes e acessíveis para a fabricação dessas garrafas: “Planejamos desenvolver tecnologia comercialmente viável para recipientes portáteis acessíveis e sustentáveis para purificação de água”, diz a New Scientist.