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Insetos podem ser os novos cães farejadores

No futuro, bombas e drogas serão detectadas por gafanhotos ciborgues com os cérebros controlados remotamente

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 30 jun 2016, 15h00

Eles são altamente treinados, discretos e eficazes. Usam uma mochila militar com tecnologia de ponta para detectar bombas e obedecem a cada comando de seus superiores, sem questionar nada. Essa poderia ser a descrição de soldados humanos, mas não é: estamos falando de gafanhotos que tiveram os cérebros hackeados e os corpos alterados para se tornarem caçadores de bombas.

Sim, é isso mesmo: vem aí insetos ciborgues que, controlados remotamente, utilizam suas antenas para detectar bombas e drogas em aeroportos ou embaixadas. Eles também são capazes de enviar os dados adquiridos via tecnologia sem fio para a polícia ou para o exército. Por enquanto, os mini soldados não passam de um projeto da Universidade de Washington, mas, com o patrocínio da marinha dos EUA, os pequenos caçadores estão prestes a virarem realidade: os cientistas já sabem exatamente como fabricá-los – basta juntar as peças.  

LEIA: Como fazer uma bomba atômica

Para transformar gafanhotos em farejadores de bombas, o plano é combinar três tecnologias. A primeira delas resolve o problema do controle: as asas dos bichinhos serão cobertas com um tecido especial e biocompatível que transforma luz em calor. Aí, os cientistas vão poder usar um laser para dirigir o voo do bicho – se eles apontarem o laser na asa esquerda, por exemplo, ela esquenta, o que faz o gafanhoto tentar fugir do calor para a direita.

A segunda tecnologia é um eletrodo implantado cirurgicamente no cérebro do bichinho. É ele que vai “hackear” as antenas, para fazer com que o inseto só reconheça dois cheiros – o de bombas ou drogas. Depois de todo esse trabalho, ainda sobra uma tarefa: transmitir os dados para quem controla os gafanhotos. Isso será feito por uma mini mochila com um pequeno chip que armazena e transmite, via wireless, os dados captados pelo ciborgue.

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Um inseto militar pode parecer interessante (e saído da ficção científica). Mas, mesmo com um objetivo importante como aumentar a segurança, convenhamos: dá um baita trabalho criar esse bicho. Isso sem falar no preço – o Centro de Pesquisas da Marinha dos Estados Unidos investiu 750 mil dólares no projeto. Se é tão caro e trabalhoso, por que não continuar com os bons e velhos cachorros, em vez de gastar anos para desenvolver um inseto hackeado e robótico? 

LEIA: Detetives de laboratório

É que, se o projeto decolar, o exército e a polícia não vão ter que investir tempo e dinheiro no treino desses soldadinhos, como fazem com os cachorros – já que os gafanhotos serão controlados remotamente. E tem mais: os insetos têm mecanismos olfativos muito mais aguçados do que qualquer “nariz” artificial já criado pela ciência, e conseguem detectar um cheiro novo no ambiente em alguns poucos milissegundos. 

Isso sem falar que, de acordo com os cientistas, o mini soldado poderia ser usado para outras coisas no futuro, como diagnósticos médicos que dependem do cheiro (embora a ideia de um inseto voando em círculos ao redor de um paciente doente não seja exatamente animadora). Mas, por enquanto, a prioridade é testar as três tecnologias juntas e colocar esse pequeno detector de bombas em campo. 

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