Invasão digital
Os vírus e os hackers são ameaças constantes à saúde do seu micro. Veja como eles estragam a festa.
Maria Fernanda Vomero
Toda sexta-feira 13 é a mesma coisa. Quem está conectado à Internet, especialmente as grandes empresas, começa o dia em pânico. A qualquer hora do dia, os computadores podem ser atacados por microorganismos com nomes estranhos: BadBoy, Boom, Friday13. Quando isso acontece, é um deus-nos-acuda. O mouse fica descontrolado e programas somem da tela. A máquina “dá pau”, como dizem os micreiros.
Os bichos invasores são vírus, pequenos programas feitos de seqüências de comandos destinadas a estragar uma determinada parte do micro – ou todo ele. São tão eficientes que já foram comparados a seres vivos pelo geneticista inglês Richard Dawkins. De certa maneira, são mesmo. “Eles carregam instruções para sua própria replicação, como os vírus de verdade”, diz o virologista Paolo Zanotto, da Universidade Federal de São Paulo. Alguns deles têm períodos específicos do ano para agir. Outros podem infectar o computador a qualquer momento, escondidos em programas que você baixa da Internet ou em e-mails. Ficam “incubados” no disco rígido, esperando o momento de se espalhar.
Pior que os vírus são os hackers, viciados em computador que invadem sistemas alheios sem cerimônia, seja para demonstrar a própria habilidade ou fazer um protesto, seja para cometer crimes, como descobrir senhas bancárias e desviar dinheiro. Eles aproveitam as falhas de segurança dos sistemas de bancos, empresas, órgãos do governo e provedores de acesso à Internet para entrar, quebrando códigos de proteção. Há casos famosos de invasões no sistema da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos e da sede do Exército americano. Mas qualquer computador ligado à rede é uma vítima potencial. Até o seu.
Guerrilha cibernética
Os hackers brasileiros também aprontam das suas. Depois de terem invadido o sites do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro deste ano atacaram o site da Presidência da República (www.brasil.gov.br).
A homepage oficial foi trocada por uma página com insultos ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ao Congresso e aos políticos em geral (foto). A autoria do atentado foi assumida por um grupo auto-intitulado Blow Team. ”Das entranhas do caos reinante no Brasil surgem cinco pessoas ansiando por mudanças na situação, que perdura desde 1500, quando os portugas aqui chegaram!”, escreveram os invasores, prometendo novos ataques. O governo que se cuide.
Quem sabe é super
O cientista austríaco Hans Moravec prevê que as máquinas superarão a inteligência humana em 2030, com a criação de uma rede de 100 milhões de neurônios artificiais.
Salve-se quem puder
Em março de 1999, o mundo experimentou a pior epidemia já causada por um vírus de computador até então. O bandido tinha um nome de mulher: Melissa. Detectado no dia 26 de março, ele infectou mais de 100 000 computadores em pouco mais de 48 horas, e continuou se alastrando por semanas. Apesar de sua aparência inofensiva – só ataca arquivos do Microsoft Word-97 e o programa de e-mails Outlook Express, sem destruí-los –, o Melissa derrubou sistemas e causou enormes prejuízos. O problema é a maneira como o danado se espalha: ele invade o e-mail do usuário, apossa-se da lista de endereços e manda cópias de si mesmo para os cinqüenta primeiros nomes sob o título “mensagem importante de…” (“important message from…”), e o nome do remetente. A profusão de e-mails acaba congestionando a rede.