MIT lançará jogo no Halloween que deixa você controlar um humano
Na noite de 31 de Outubro de 2018, vai ao ar uma experiencia online como nenhuma outra: usuários controlarão uma pessoa
Mesmo muitos brasileiros não indo às ruas pedir “gostosuras ou travessuras” na noite do 31 de outubro, o Dia das Bruxas está se tornando cada vez mais popular no Brasil, principalmente com festas à fantasia. Mas, neste ano, muita gente não vai precisar ficar horas se maquiando para virar um vampiro e fingir que está vivendo uma aventura macabra. Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) criaram um jogo que vai transportar você diretamente para uma realidade assombrada.
Antes de tudo, você vai precisar convencer todos os seus amigos a trocarem a tradicional festa por uma experiência online inédtia. O game BeeMee é descrito, em comunicado oficial, como um “jogo socialmente massivo e imersivo”, que quer “lançar uma nova luz sobre o potencial humano na nova era digital”.
É tradição de Halloween: todo ano, cientistas do MIT inovam e criam experiências sombrias nessa data. Em 2016, pesquisadores criaram o programa de inteligência artificial Nightmare Machine, que converteu fotos normais em imagens horripilantes. No ano seguinte, um pesquisador fez um software de IA chamado Shelley, que escrevia suas próprias histórias de horror. Agora, em 2018, os usuários controlarão um avatar. Humano.
Com o slogan “Veja o que eu vejo. Ouça o que eu ouço. Controle minhas ações. Tome minha vontade. Seja eu.”, a bizarrice será a seguinte: na noite de 31 de outubro, às 23h (meia-noite do dia 1º no horário de Brasília), uma pessoa “desistirá” de seu livre-arbítrio e deixará que usuários online controlem suas ações. O jogo vai seguir a história de uma Inteligencia Artificial do mal, chamada Zookd, que foi solta na internet acidentalmente. A missão dos jogadores será ajudar coletivamente a pessoa ‘avatar’ a derrotar Zookd e salvar a humanidade. Se os usuários falharem, as consequências serão desastrosas, segundo Niccolò Pescetelli, assessor do jogo.
Jogabilidade
O twitter oficial do BeeMee soltou um teaser da experiência:
“Muitas pessoas já jogaram um jogo de realidade aumentada, mas BeeMe é a realidade aumentada”, diz o comunicado oficial. “No BeeMe, um agente abre mão de seu livre-arbítrio para salvar a humanidade – ou talvez para saber se a humanidade pode ser salva de alguma forma.”
Já deu pra sentir o clima de mistério e sci-fi, né? O público ainda não sabe o escopo completo do jogo, mas já foi liberado que o ‘avatar humano’ não será qualquer pessoa, mas sim um ator treinado. Quem é esse ator e onde ele estará localizado não será divulgado até a hora do jogo começar. A ideia é que os gamers zerem o jogo em até duas horas, mas Pescetelli afirma que “o público que vai decidir por quanto tempo o jogo vai durar”.
Como dito antes, os usuários online vão controlar coletivamente o ator. Essa é a origem no nome “Bee” do jogo, que significa “abelha”, em inglês. Assim como em uma colmeia, os jogadores vão encarar, juntos, essa missão. Mas, claro, haverá limites. Qualquer ação que viole a lei americana ou que coloque em perigo a vida do ator e sua privacidade está proibida. Então, não adianta um engraçadinho tentar fazer com que o cara tire a roupa saia correndo – não vai rolar. Até porque os comandos precisam ser votados: como é um jogo coletivo, qualquer um pode sugerir ações, mas só aquelas mais “aprovadas” pelos outros usuários é que serão executadas.
Em tese, não há limites para a quantidade de pessoas jogando o game ao mesmo tempo. Muita gente pode ajudar a “salvar a humanidade”.
Bastidores
O projeto BeeMe se tornará realidade no Halloween deste ano, mas ele já vem sendo pensado há meses. Em maio de 2018, foi criada a conta @beeme_mit no Twitter. Desde então, o conteúdo postado na rede mostra um pouco das ideias e da evolução do jogo até chegar a sua versão final.
Citações a filósofos e cientistas aparecem com frequência na conta – Marshall McLuhan, Carl Jung e Émile Durkheim estão entre eles. E nada é em vão: em agosto, eles tuitaram “Na longa história da humanidade (e também dos animais) aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar com mais eficiência prevaleceram”, citando um famoso ditado de Charles Darwin. Isso, provavelmente, é uma dica sobre como vencer o jogo.
Esses e outros posts do BeeMe refletem o que o experimento pretende ser no Halloween: algo divertido em sua superfície, mas questionador em sua essência. Pôr em xeque algumas verdades ocultas sobre nós mesmos e nossa sociedade digital faz parte da experiencia do jogo.
Em um comunicado enviado ao Business Insider, os criadores afirmam: “BeeMe quer reabrir uma séria – ainda que ‘zueira’ – conversa sobre privacidade, ética, entretenimento e interações sociais.”
Todo o projeto foi feito por oito pessoas e custou menos de 10 mil dólares. Na noite de Halloween, descobriremos se a humanidade pode se unir para se salvar – ou falhar miseravelmente. Você poderá participar da experiência no endereço beeme.online.