O que é gravidade?
Ela é aquilo que te prende ao chão. Mas seria só isso? A ciência ainda busca a verdadeira natureza dessa força
Reinaldo José Lopes
Vamos começar com a definição que se tornou clássica desde Einstein: a gravidade é um efeito dos corpos com muita massa (ou “peso”, como dizemos na nossa linguagem cotidiana) sobre a própria geometria do espaço e do tempo. Se a idéia parece absurda, pense no espaço-tempo como uma lâmina de borracha – algo plano, mas flexível. Se você põe um objeto muito pesado em cima dela – digamos que seja o Sol – esse trambolho vai afundar a lâmina, criando uma depressão onde ele próprio está mas também influenciando a região em torno dele.
Agora, imagine que outra bola menor – a Terra ou qualquer outro planeta – esteja naquela vizinhança, bem no começo da depressão causada pelo Sol. Seria muito difícil ela escapar de dentro dessa vala; a tendência é que ela se mantenha em torno do objeto mais pesado – criou-se uma órbita. Isso vale não apenas para a matéria, mas também para a energia viajando naquele plano de borracha – se há uma depressão, ela vai ter de continuar seguindo por ela.
Essa visão einsteiniana funciona tremendamente bem para a imensa maioria das situações que costumam aparecer no universo, mas a mecânica quântica (o conjunto de teorias da física moderna que estuda os componentes fundamentais da matéria) já mostrou que diversas forças que pareciam se comportar de modo semelhante à gravidade eram, na verdade, geradas pela interação de partículas, como os elétrons (no caso da eletricidade) e os fótons (no caso do eletromagnetismo, no qual a luz visível é um dos fenômenos mais conhecidos). Por isso, qualquer teoria que queira abranger de forma coerente todos os fenômenos da natureza precisaria achar as partículas gravitacionais – os hipotéticos grávitons, ou as ondas gravitacionais (na mecânica quântica, algo pode se manifestar tanto como onda quanto como partícula).
É sempre mais fácil falar do que fazer: até hoje, ninguém foi capaz de detectar uma onda gravitacional ou um gráviton diretamente. “Os grávitons têm pouca energia e interagem muito pouco com a matéria”, afirma George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Contudo, isso não quer dizer que haja, em princípio, algo de errado com essa teoria. “Nossas estimativas indicam que, para que possamos obter os primeiros sinais positivos, teremos de melhorar a sensibilidade de nossos aparelhos. Ou seja, até agora está tudo no script”, diz Messias.k