Rinoceronte mais raro do mundo ganha perfil no Tinder
Só há um macho de rinoceronte-branco do norte em todo o planeta. Arrumar uma parceira para ele é a única chance da espécie continuar existindo
Sudan, masculino, 43. Um rinoceronte solitário à procura de uma alma gêmea que goste de comer grama e tomar banhos de lama. Caso você ligue para padrões, seguem as medidas: 1,83 m e 2268 kg. Se existisse um Tinder animal, perfis como esse seriam raros. E isso não é só força de expressão: Sudan é um dos três únicos rinocerontes-brancos do norte vivos no mundo todo.
Como ninguém decidiu investir em um aplicativo de paquera para os bichos, ele foi tentar chamar a atenção dos humanos mesmo. A estratégia é fruto de uma campanha entre a Ol Pejeta Conservancy, organização ambiental do Quênia, e o Tinder. Tudo por um motivo nobre: impedir que esse tipo de rinoceronte suma completamente do mapa.
Isso porque arrumar parceiras para Sudan não é uma tarefa simples – e não é nem o caso dele ser seletivo demais. Ainda que os outros dois rinocerontes-brancos do norte que restam sejam fêmeas, as tentativas de match com elas não deram certo.
“Vamos trabalhar para mantê-lo vivo o máximo que pudermos – mas travamos uma corrida contra o tempo se quisermos recuperar a espécie”, diz Richard Vigne, diretor do projeto Ol Pejeta Conservancy, em entrevista à BBC. Para a espécie continuar viva, a única chance são as pesquisas de fertilização in vitro.
Para desenvolver um método de fertilização que funcione para esses rinocerontes, os especialistas estimam um investimento de US$ 10 milhões. Aí que entram os usuários do Tinder. Ao visitarem o perfil do bicho, quem usa o aplicativo de paquera têm a opção de doar à campanha.
“Sem querer me gabar nem nada, mas o futuro da minha espécie depende de mim”, diz Sudan na descrição de seu perfil. Como uma verdadeira estrela, ele tem dois guarda-costas que o vigiam dia e noite na reserva do Quênia onde vive desde 2009. E não é por conta do assédio dos fãs. O chifre dos rinocerontes-brancos é artigo raríssimo, tão buscado pelos caçadores que não se pode correr o risco de perder o último exemplar assim. Não sem antes tentar de tudo para dar uma família feliz à Sudan – e quem sabe, torná-lo o grande patriarca da espécie.