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Show de trapaças

A ufologia está repleta de histórias fantasiosas, em que o oportunismo de uns encontra terreno fértil na ingenuidade de outros

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 Maio 2005, 22h00

Maurício Oliveira

Má-fé, oportunismo, busca pela fama… A ufologia está repleta de casos que tiveram grande repercussão e, mais tarde, sucumbiram diante dos indícios de fraude. A maior parte não resiste a boas investigações de ufólogos sérios. Raramente, contudo, mesmo diante das evidências mais constrangedoras, os responsáveis pelas farsas admitem a intenção de enganar os outros. A seguir, confira cinco casos em que todas as pistas levam à dedução óbvia de que não passaram de embustes.

A NAVE CHOCANTE

Gerente de um restaurante nas proximidades do Observatório de Hale, na Califórnia, o imigrante polonês George Adamski costumava encher de perguntas os cientistas que iam almoçar lá. Queria estar a par de todas as novidades sobre a procura de vida extraterrestre. Em 1952, Adamski fez uma expedição ao deserto do Arizona e voltou com uma história fantástica: não só havia visto discos voadores como entrado em contato com os tripulantes, oriundos de Vênus. Os ETs não se deixaram fotografar, mas ele produziu dezenas de imagens das naves. As fotos correram o mundo e causaram grande sensação.

Não demorou muito para que o “disco voador” das fotos fosse reconhecido. Avicultores perceberam que os contornos eram idênticos aos de uma chocadeira de ovos fabricada por uma conhecida multinacional. Adamski morreu em 1965, aos 75 anos, sem jamais admitir a fraude.

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A AUTÓPSIA DE ROSWELL

Em 1995, o produtor inglês Ray Santilli anunciou ter encontrado um filme em 16 milímetros que mostrava a autópsia de um alienígena. O filme teria sido comprado de um misterioso ex-cinegrafista da Força Aérea que garantia se tratar de material produzido depois da queda de um óvni nas proximidades de Roswell em 1947, o caso mais célebre da ufologia mundial (leia na página 30). As imagens da autópsia em um ser com grandes olhos negros e nariz pequeno repercutiram no mundo inteiro.

Especialistas em efeitos especiais afirmaram que o suposto alien se parecia muito com bonecos produzidos para o cinema. Alguns deles até construíram ETs semelhantes ao das imagens, usando revestimento de látex e vísceras de animais. Médicos chamaram a atenção para a falta de habilidade do cirurgião: ele mal sabia segurar o bisturi! O mesmo aplicava-se ao cinegrafista: os closes dos estavam fora de foco.

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Diante da pressão para entregar o filme original para análise, Santilli argumentou que o havia vendido a um colecionador que exigiu anonimato.

ET BAILARINA

O suíço Eduard Meier-Zafiriou, ou simplesmente Billy Meier, agitou o mundo da ufologia nos anos 70 ao apresentar centenas de fotos e uma dezena de filmes de discos voadores. Ele dizia fazer contato desde os 5 anos com seres “pleidianos”, originários da constelação de Plêiades. A descrição de uma das interlocutoras de Meier era de dar inveja aos homens: Semjase, uma loira alta, belíssima e que, ainda por cima, sabia falar alemão perfeitamente. Meier tinha até uma foto de Semjase para comprovar a história.

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Anos depois, quando sua credibilidade já estava seriamente abalada (especialistas em análise de imagens encontraram fios nos filmes dos supostos discos voadores em vôo), descobriu-se que a foto de Semjase era, na realidade, de uma bailarina que estivera certa ocasião em um programa de TV. A foto fora tirada diretamente da tela do televisor. Mesmo desacreditado entre os ufólogos, Billy Meier, aos 68 anos e ostentando longas barbas brancas, continua ganhando a vida como uma espécie de guru cuja missão é divulgar as mensagens dos pleidianos.

NA BARRA DA TIJUCA

“Disco voador na Barra da Tijuca”, dizia a manchete do caderno extra da revista O Cruzeiro de maio de 1952. “O estranho aparelho veio do mar, com enorme velocidade, e foi visto durante um minuto. Cor cinza-azulada, absolutamente silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas”, descrevia o texto, acompanhado por cinco fotos.

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O repórter João Martins e o fotógrafo Ed Keffel diziam ter flagrado o disco voador por acaso, quando estavam na praia. A suspeita de fraude se deu pelo fato de ninguém mais ter visto o disco voador. Além disso, constatou-se que a direção das sombras produzidas pelo óvni era inconsistentes com as sombras dos demais elementos da paisagem. Os repórteres morreram sem admitir a fraude.

O VEXAME DA TIAZINHA

Em 2001, Suzana Alves, a Tiazinha, jurou ter feito imagens de um óvni em plena São Paulo. Tão logo souberam do fato, os ufólogos Claudeir e Paola Covo entraram em contato com a dançarina/atriz/cantora e começaram a analisar o caso. Enquanto as investigações transcorriam, Tiazinha aproveitou a repercussão da notícia para fechar um acordo com o apresentador Gugu Liberato: mostraria as imagens com exclusividade no programa dele, no domingo seguinte, em troca da oportunidade de divulgar seu novo disco.

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Nesse meio tempo, os ufólogos chegaram à conclusão de que a misteriosa aparição era, na verdade, a luz de segurança da cabine do dirigível da Goodyear, contratado por emissoras de TV para fazer imagens aéreas da cidade. Tanto Suzana Alves quanto a produção de Gugu foram informadas sobre o veredicto antes de o programa ir ao ar, mas decidiram seguir adiante sem citar a conclusão dos ufólogos. As imagens foram tratadas como “inexplicáveis” e ajudaram o SBT a vencer a batalha dominical pela audiência contra a TV Globo. Quando a história do dirigível veio à tona, na mesma semana, o “óvni da Tiazinha” virou motivo de chacota.

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