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E se existissem dois sóis?

Desculpa, Nando: um segundo Sol faria bem mais do que realinhar as órbitas dos planetas

Por Alexandre Versignassi e Fernando Brito
Atualizado em 15 fev 2019, 16h07 - Publicado em 24 mar 2010, 22h00

Fácil: um segundo Sol derrubaria, com assombro exemplar, o que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa. Mas Nando Reis talvez não seja a melhor fonte científica para o assunto. Os astrônomos diriam algo menos enigmático: que dois sóis sobre um único planeta é algo até comum.

Boa parte dos outros sistemas planetários tem uma estrela a mais mesmo. Geralmente é uma menor, que fica girando em torno da principal junto com os planetas. Por aqui, isso só aconteceria se uma estrela que estivesse vagando pelo espaço entrasse no sistema solar.

Se você estiver aqui no dia em que esse segundo Sol chegar, a primeira coisa é torcer para que ele não chegue muito perto. Nem pelo calor. Mas pelo frio. É que tem o seguinte: uma estrela do tamanho do Sol possui um campo gravitacional 2.800 vezes mais poderoso que o da Terra. É tanto que, se um astro assim passar a 300 milhões de quilômetros daqui, a gravidade dele acelerará o planeta.

E isso é um problema: se a Terra correr rápido demais, ela acaba desgarrando do Sol. Poderíamos acabar lançados para fora do sistema solar. E o clima por aqui seria uma noite eterna a menos de 200 ºC negativos. Mas, se o segundo Sol estacionar um pouco mais longe, ficaremos em paz. E ele aparecerá 8 vezes menos brilhante que o primeiro. Pouco, mas o suficiente para que não anoiteça em certos meses do ano: enquanto um Sol estiver se pondo, o outro já terá nascido.

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Como o balé das órbitas é complexo, em outras épocas do ano veríamos os dois Sóis nascer e se pôr juntos. Só aí haveria noite. Mas estamos falando aqui de um segundo Sol meia-boca – distante e com pouco brilho. Só que não fica nisso. Existe outra possibilidade: a de um sistema solar com dois Sóis iguais no meio. O céu nem mudaria tanto. Mas aqui as coisas seriam tão diferentes que, aí sim, os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa. Digo, planeta.

Dois sóis num dia

A ilustração abaixo brinca com alguns aspectos de como seria a vida sob dois sóis. Entenda as referências: 

Rio, 50 graus

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A dança dos Sóis geraria microestações. Nos eclipses, que durariam dois dias, receberíamos o calor de apenas um Sol. Seriam 4 invernicos desses por ano, com a temperatura caindo pela metade. Quando os Sóis estivessem bem separados, a quantidade de luz seria 25% maior. Aí seríamos surpreendidos novamente – por um calor de lascar.

Todo mundo azul

Se o ambiente muda, a vida se transforma, ensina Darwin. Numa Terra com dois Sóis pegando pesado, não seria absurdo pensar em seres com a pele azul – já que essa cor reflete os raios mais energéticos, e nocivos, do Sol. Outra: a felicidade geral do planeta cresceria: o Sol faz o corpo produzir mais vitamina D, que melhora o humor e a libido.

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Anos mais longos

A Terra teria que ficar longe dos Sóis para aguentar a radiação extra. Isso faria um ano durar 613 dias. As estrelas girariam uma ao redor da outra também. Então a cada 155 dias um dos Sóis ficaria eclipsado. Seria algo tão marcante que provavelmente contaríamos os meses com base nesses intervalos, em de vez de usarmos as fases da lua, que são eventos bem mais discretos.

Inferno verde

Dias mais longos = mais fotossíntese. Mais fotossíntese = plantas com muito mais energia para crescer. E aparecer. O reino vegetal seria bem mais complexo, principalmente nas regiões tropicais.

O quão complexos? Não dá para saber, mas, quando o assunto é evolução, quase nada é impossível. Árvores com olhos e braços, por exemplo, não seriam uma má hipótese num mundo extremamente rico em variedade de vegetais. 

Dois deuses

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Todas as culturas em algum momento trataram o Sol como um deus. Ele era Horus, no Egito; Amaterasu, no Japão; Sunna, na Escandinávia; Surya, na Índia. Com dois Sóis, o grau de divindade do astro aumentaria. Talvez a ponto de fazer com que algumas religiões tivessem virado biteístas, em vez de adotar um deus único.

Sol das 22h

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Nos dias de separação máxima, um Sol iria nascer bem mais cedo e o outro muito mais tarde. No horário de verão, boa parte do Brasil escureceria só às 22h. E o primeiro Sol raiaria às 5h30. Nos EUA e na Europa seriam quase 24 horas de claridade.

Fontes Lisa Kaltenegger, astrônoma do MIT e do Instituto de Astrobiologia da NASA, Matthew Holman, astrofísico de Harvard, Rubens Duarte, biólogo da USP

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