A tragédia da Apollo 1 quase descarrilou por completo o programa lunar americano. Comissões de investigação foram instituídas, e o Congresso passou a questionar a viabilidade do projeto. O desenho da cápsula teria de ser totalmente reformulado, com especial atenção à segurança. Resultado: meses e meses de espera até que astronautas americanos pudessem voltar ao espaço.
Poderia ter sido a oportunidade ideal para a União Soviética tomar a dianteira na corrida para a Lua, mas por lá a pressa também fazia das suas, e o primeiro lançamento tripulado da espaçonave Soyuz terminaria em tragédia. O cosmonauta Vladimir Komarov decolou a bordo da nave em 23 de abril de 1967, naquele que seria seu segundo e último voo espacial. O voo durou um dia e o veículo apresentou uma tonelada de problemas. Na volta, o paraquedas da cápsula falhou em abrir, e Komarov morreu no impacto com o solo. A Soyuz 2 só poderia voar dali a 18 meses, em outubro de 1968. A disputa entre as duas potências permanecia parelha.
A pedido das viúvas de Grissom, White e Chaffee, a Nasa dedicou a eles a designação oficial Apollo 1, e dali a numeração seguiu, contabilizando também dois lançamentos não tripulados de 1966. Em novembro de 1967, a missão Apollo 4 testa um módulo de comando e serviço no primeiro voo do poderoso Saturn V. Em janeiro de 1968, a Apollo 5 faz o primeiro voo do módulo lunar em órbita terrestre. Em abril, a missão Apollo 6 tenta demonstrar a capacidade de voo translunar com um módulo de comando e serviço, mas o terceiro estágio do Saturn V tem problemas, em seu segundo voo. Tudo isso sem tripulação.
Em 11 de outubro, finalmente, era a hora de voltar a levar astronautas ao espaço. A Apollo 7 teve como comandante Wally Schirra, em seu terceiro e último voo, acompanhado pelos novatos Donn Eisele e R. Walter Cunningham. O lançamento seria propelido pelo Saturn IB, num voo de 11 dias em órbita terrestre.RelacionadasCiênciaNixon deixou um discurso pronto caso a Apollo 11 falhasse; leiaCiênciaNasa abre amostra lunar intocada da Era Apollo pela primeira vez em 40 anosCiênciaA polêmica da fosfina (e da vida) em Vênus
Com o equipamento, tudo funcionou. Contudo, a missão ajudou a descobrir algumas falhas de “sistemas” nos humanos. A bordo da Apollo, mais espaçosa que as cápsulas Mercury e Gemini, os astronautas experimentaram pela primeira vez “enjoo espacial” – desorientação e náusea causada pela ausência de peso.
Além disso, Schirra ficou resfriado durante o voo, e o estresse fez com que ele e seus colegas respondessem de forma ríspida a pedidos do controle da missão. Eles brigaram pela hora de ligar a câmera de TV para a transmissão ao público, e Schirra estava determinado a realizar a reentrada sem capacete, preocupado que a mudança de pressão pudesse estourar seus tímpanos. Apesar dos pesares, a missão foi um sucesso e pavimentou o caminho para voos maiores. Apollo estava de volta nos trilhos.