Os oceanos são uma espécie de heróis e vítimas do clima. Segundo os cientistas, ao longo do século passado, eles absorveram mais de um quarto das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) liberadas pelas atividades humanas.
Mas esse comportamento de “sumidouro” tem um custo alto, que resulta na acidificação das águas. Um processo que deve se intensificar, já que as emissões não dão sinal de trégua e o termômetro global continua subindo.
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Para piorar, os cientistas começam a observar impactos negativos desse processo sobre os próprios mecanismos regulatórios da concentração de CO2 na atmosfera e no mar.
Dois estudos recentemente publicados na revista científica Limnology & Oceanography and Biogeosciences relatam que o aquecimento das águas pode exacerbar os efeitos da acidificação oceânica nas colônias de fitoplâncton calcário, chamados de coccolithophores.
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São algas minúsculas, com menos de um centésimo de milímetro, essenciais para a manutenção do ecossistema marinho e absorção e remoção de CO2 da atmosfera para realização de fotossíntese. Ou seja, elas desempenham um papel importante no ciclo biogeoquímico e na regulação do clima global.
Para o estudo, os pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona fizeram um isolamento de cultura de uma das espécies mais abundantes desse fitoplâncton no Mar Mediterrâneo e no Norte do Oceano Pacífico.
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Usando microscópio eletrônico de varredura de imagem, os pesquisadores observaram um aumento no percentual de fitoplânctons malformados e incompletos em um ambiente mais quente e acidificado.
De acordo com os cientistas, no longo prazo, esse processo pode dificultar o sucesso evolutivo desses fitoplânctons e seu papel na regulação de carbono atmosférico e no clima global.