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Brasil lidera expedição internacional que dará a volta na Antártica

O navio quebra-gelo partirá do Rio Grande do Sul carregando 61 cientistas de sete nacionalidades. A equipe pretende coletar dados do gelo, atmosfera e biodiversidade

Por Maria Clara Rossini
13 nov 2024, 16h00

Entre os dias 22 de novembro de 2024 e 25 de janeiro de 2025, pesquisadores do Brasil, Argentina, Índia, Rússia, Chile e Peru estarão circundando o continente antártico. O objetivo principal dessa missão é estudar o impacto das mudanças climáticas nas geleiras e ecossistemas da região. Os dados coletados na Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica podem contribuir para a projeção de cenários sobre o aumento do nível do mar nas próximas décadas.

Graças às mudanças climáticas, o nível do mar já aumentou 20 cm desde 1900. Pesquisadores estimam que o aumento pode chegar de 1 a 1,2 metro até 2100 – indicando um cenário catastrófico para as cidades litorâneas. Segundo o IPCC, atualmente o aumento é de 3,7 mm por ano. O derretimento do gelo na Groenlândia é o que mais eleva o nível do mar.

“A Antártica ainda nem começou a contribuir muito para o aumento do nível do mar, é pouco por década”, diz Jefferson Cardia Simões, delegado do Brasil no Comitê Científico para Pesquisa Antártica. “Quando a Antártica entrar, começaremos a falar de centímetros por ano […] Hoje, uma das principais questões científicas é, exatamente, qual a estabilidade do manto de gelo da Antártica”.

Simões é glaciólogo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele é quem coordena a expedição internacional, que contará com cientistas da biologia, geofísica, oceanografia, entre outras áreas da ciência. Dos 61 pesquisadores a bordo, 27 são brasileiros.

O navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov partirá do Porto de Rio Grande em direção à costa leste da Antártica, para o início da navegação no sentido horário. Ao longo de 60 dias, a equipe irá percorrer 20 mil km ao redor do continente, fazendo algumas paradas para a coleta de amostras e manutenção do barco.

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Foto do circum-navegar o continente antártico.
(UFRGS/Divulgação)

Essa não é a primeira expedição de circum-navegação na Antártica. No entanto, ela será a que mais deve chegar perto da costa e geleiras do continente. Para navegar no mar congelado é necessário um navio quebra-gelo – que o Brasil não tem. O Akademik Tryoshnikov pertence ao Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica da Rússia, e faz parte da parceria da missão. Ele é um dos poucos quebra-gelos destinados à pesquisa científica.

O navio possui laboratórios para a preparação de amostras coletadas e helicópteros que podem se aproximar das geleiras.

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Foto do Barco que participaram do evento que irá circum-navegar o continente antártico.
(UFRGS/Divulgação)

O que será coletado na expedição?

A expedição reúne pesquisas multidisciplinares. Os cientistas irão coletar amostras e dados ambientais para serem analisados em terra firme e nos laboratórios do próprio navio. Os principais resultados, no entanto, devem aparecem em artigos publicados daqui alguns anos.

Dados atmosféricos, como a detecção de poluentes, serão coletados constantemente enquanto o barco faz o trajeto. Os pesquisadores também devem medir o aumento da temperatura e redução da salinidade do mar, devido à mistura com a água doce derretida das geleiras. O aumento da acidez do oceano austral também será investigado.

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Na parte da biologia, os pesquisadores pretendem mapear hotspots de biodiversidade marinha. Isso envolve, por exemplo, jogar redes de pesca para avaliar quais animais, plantas, algas e microrganismos vivem em cada região. Além disso, a coleta pode revelar quais são os impactos das mudanças climáticas nessa biodiversidade.

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Em determinados pontos do percurso, os oceanógrafos usam um instrumento chamado CDT para coletar dados de regiões profundas do oceano. Eles avaliam temperatura, pressão, condutividade e podem coletar água de diferentes profundidades do mar.

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A expedição também irá avaliar geleiras importantes, que podem contribuir para o aumento do nível do mar. “Está previsto fazer alguns levantamentos na frente da geleira Thwaites [conhecida como geleira do fim do mundo] e algumas outras”, diz Simões. Devido à morfologia dessas geleiras, a água quente pode derretê-las por baixo, fazendo com que “escorreguem” do continente em direção ao mar. Leia mais sobre esse processo de derretimento neste texto.

As análises geofísicas e amostras de gelo coletadas na expedição podem revelar a vulnerabilidade dessas geleiras – e ajudar a nos preparar para o futuro aumento do nível do mar.

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