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Cabelos crespos protegiam do calor a cabeça dos primeiros sapiens

Um estudo confirmou que a seleção natural prefere madeixas enroladas nos trópicos: elas refrescam o cérebro e diminuem o desperdício de água com suor. Só depois, com migrações para climas frios, apareceram cabelos lisos.

Por Leo Caparroz
7 jul 2023, 16h07

Já se perguntou por que sua cabeça tem fios muito mais grossos e longos do que seus braços ou pernas? Um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences reforça a antiga hipótese de que os cabelos cumpram uma função evolutiva: impedir que os nossos cérebros fiquem quentes demais.

Proteger a cabeça do calor era crucial para nossos mais antigos ancestrais africanos, expostos ao Sol escaldante das savanas, que são um bioma aberto, similar ao cerrado brasileiro. E as madeixas são importantes para mantê-la fresca.

No experimento, os pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, usaram perucas com três tipos de cabelo em um manequim: liso, cacheado e crespo. Também foram feitos testes com uma cabeça careca, que serviu de parâmetro para as demais medições.

Eles colocaram o boneco sob luzes quentes, simulando um calor de 30 °C, em um túnel de vento climatizado, para simular diferentes movimentos (caminhada, corrida etc.) e condições atmosféricas, e mediram a temperatura da cabeça com cada uma das perucas.

Todos os cabelos foram melhores do que a careca em proteger contra o calor, mas houve diferenças entre eles. A cabeça com peruca lisa absorveu um pouco menos da metade do calor da cabeça careca. O cabelo enrolado, cerca de um quarto. O cabelo crespo foi campeão, com absorção equivalente a só 10% da do manequim calvo. 

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Os cachos reduzem a quantidade de calor que atinge a pele porque aumentam a distância entre ela e a superfície do cabelo e criam bolsões de ar, que é um ótimo isolante térmico. Como o cabelo liso cai, a espessura da camada de proteção localizada diretamente em cima do crânio fica menor, há menos ar e o calor passa mais facilmente.

Os pesquisadores também fizeram testes para entender melhor a participação do suor na equação. Para isso, eles molharam as cabeças dos manequins e repetiram os experimentos.

As carecas úmidas evidentemente esfriaram mais que suas contrapartes secas. Contudo, os manequins cabeludos precisavam de menos suor para equilibrar sua temperatura, e os cabelos crespos reduziam mais ainda essa exigência. Esfriar o corpo sem gastar tanta água é uma vantagem valiosíssima sob o prisma da seleção natural.

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Conforme ondas migratórias de Homo sapiens alcançavam lugares mais frios, a pressão evolutiva de manter os cachos foi se perdendo, e dando chance para outros penteados. É por isso que as primeiras populações de cabelos lisos surgiram no norte da Europa e da Ásia, e não na África.

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