Cientistas podem ter encontrado células complexas de 2 bilhões de anos
Os fósseis, encontrados na China, apontam para o ancestral comum entre humanos, plantas e fungos.
A Terra se formou há cerca 4,5 bilhões de anos. O fóssil de Homo sapiens mais antigo data de uns 300 mil anos, quase nada considerando na idade do planeta. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu. Agora, cientistas podem ter encontrado os registros mais antigos de células complexas, dando uma luz aos primeiros passos da evolução.
Os microfósseis foram encontrados dentro de um grupo de rochas chamado Hutuo, localizado nas montanhas de Wutai (China). Essas rochas têm de 1,95 bilhão a 2,15 bilhões de anos, o que indica a idade das células.
Mas, você deve estar se perguntando, o que torna essas células tão especiais? A resposta é simples, elas são eucariontes (sim, aquela velha palavrinha das aulas de biologia). Ou seja, possuem um núcleo organizado (material genético envolto pela carioteca, uma membrana) e também organelas membranosas que executam diversas funções, como a mitocôndria (respiração celular) e os lisossomos (digestão celular).
Elas são bem mais complexas do que as células procariontes, que não possuem carioteca. Essas mais simplesinhas compreendem, por exemplo, as bactérias. Elas chegaram aqui primeiro, há cerca de 3,5 bilhões de anos. Enquanto isso, as eucariontes são, provavelmente, nossos ancestrais diretos mais antigos, pois originam organismos multicelulares, como fungos, plantas e animais. Lembre delas quando for montar sua árvore genealógica.
Os pesquisadores coletaram amostras de ardósia (uma rocha cinza bastante utilizada em pisos) e a dissolveram com ácido. Assim, chegaram aos fósseis. Havia oito tipos de microfósseis. Dois deles não foram identificados. Dos outros, quatro eram bactérias e dois prováveis eucariontes.
As células parecem pertencer ao gênero Dictyosphaeria, que nada mais é do que um conjunto de algas-verdes. Isso mesmo, restos de plantas marinhas foram encontrados dentro das rochas de uma montanha; veja como as coisas mudam em dois bilhões de anos. A equipe ainda encontrou seis espécimes de um gênero nunca antes identificado. A novidade foi batizada de Dongyesphaera.
Mas a descoberta foi encarada com cautela por cientistas. A única evidência de que sejam eucariontes, por enquanto, é o formato dos microfósseis – que são esféricos, com paredes externas de várias camadas e espinhos visíveis. Mas, se essa hipótese for confirmada, esses microorganismos fossilizados poderão ganhar página no Guinness Book. Os vestígios mais antigos já confirmados de eucariontes têm 1,5 bilhão de anos (alguns cientistas dizem ter encontrado fungos em rochas de 2,4 bilhões de anos, mas isso não foi confirmado porque o material não estava bem preservado).