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Cientistas finlandeses transformam eletricidade em comida

Testes ainda possuem baixa produtividade, mas têm missão ousada: acabar com a fome no mundo

Por Guilherme Eler
Atualizado em 11 mar 2024, 15h46 - Publicado em 28 jul 2017, 19h38

Água, dióxido de carbono (o popular CO2) e um tipo de bactéria. Só passar uma corrente elétrica que dê conta de misturar tudo e você tem a receita que pode impedir milhões de pessoas de irem dormir com fome. O projeto Food from Electricity, como revela desde o nome, é uma tentativa de pesquisadores finlandeses de produzir comida a partir de energia elétrica. Os resultados, apesar de ainda iniciais, são animadores. A fórmula resulta em um suplemento alimentar rico em nutrientes e, principalmente, produzido a um custo relativamente baixo.

Para que a mágica aconteça, uma fonte de energia limpa (como uma turbina eólica ou painéis solares) fornece a eletricidade que faz um biorreator funcionar. A máquina é capaz de quebrar as moléculas de água (H20) em hidrogênio e oxigênio.

Enquanto isso, o CO2 disponível no ar é captado e alimenta o reator. Os micróbios que estão dentro do recipiente recebem, então, uma série de nutrientes essenciais, como nitrogênio, enxofre e fósforo. Isso torna o ambiente perfeito para que eles cresçam e se multipliquem.

A massa que resulta da reprodução das bactérias é drenada, para perder todo o excesso de água. No final, o que sobra é uma farinha bastante nutritiva: 50% é proteína e 25% carboidratos. De acordo com os cientistas, pode-se dar novas texturas ao alimento, alterando os micróbios utilizados como ingredientes. A ideia é que a farinha seja empregada em receitas culinárias para reforçar suas propriedades nutritivas.

Segundo Juha-Pekka Pitkänen, um dos líderes do estudo, o principal desafio é expandir o método para uma escala mais próxima da demanda atual por alimentos. Isso porque, apesar de promissor, o processo ainda é demorado e nada rentável. Um biorreator do tamanho de uma xícara de café leva cerca de duas semanas para produzir um único grama de proteína.

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Por conta disso, as expectativas para que a comida produzida dessa forma ganhe as prateleiras de supermercados por todo o mundo, claro, ainda são conservadoras. “Talvez 10 anos seja um prazo razoável para que consigamos atingir capacidade comercial, no que se refere à legislação necessária e ao desenvolvimento da tecnologia envolvida no processo”, diz Pitkänen, em comunicado oficial.

O fato da técnica ignorar fatores como temperatura, umidade e solo adequados é um respiro ante um cenário de mudanças climáticas. Espera-se que ela se torne uma alternativa barata a lugares com baixa produção de alimentos, diminuindo nossa demanda tão grande da agricultura.

“Na prática, todos as matérias-primas estão disponíveis no ar. No futuro, a tecnologia pode ser empregada, por exemplo, em áreas desérticas ou outras que enfrentam a falta de alimentos. Uma alternativa possível é criar um reator doméstico, que permitiria a quem usa produzir toda a proteína que precisa”, defende Pitkänen. Segundo a agência da ONU para Alimentação e a Agricultura (FAO) a fome afeta atualmente 795 milhões de pessoas em todo o mundo.

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