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Cinco animais que não parecem venenosos, mas são

Primatas, mamíferos, pássaros, caracóis, borboletas: todo tipo de bicho pode carregar toxinas. Aprenda a identificar essas fofuras fatais.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 23 ago 2024, 19h45 - Publicado em 23 ago 2024, 18h00

Quer entrar em contato com a natureza, fazer uma trilha, ir nadar em cachoeira? Aproveite! Este repórter que vos escreve está numa metrópole, te invejando e sonhando com um gostinho de ar puro. Mas minha inveja não vai me impedir de te ajudar, contando quais são os animais fofos e lindos que não parecem venenosos, mas são.

1. Caracol de cone

Caracol de cone
(lilithlita / Getty Images/Reprodução)

O gênero Conus inclui cerca de 900 espécies diferentes de invertebrados marinhos conhecidos como “caracóis de cone”. Todos eles vivem dentro de conchas cônicas coloridas e são peçonhentos.

Esses animais têm uma rádula – misto de dentes e língua dos moluscos usado para raspar os alimentos – modificada que, ligada a uma glândula de veneno, é usada para atacar e paralisar presas.

Essa lança mortífera pode até ser esticada para fora da concha para alcançar o alvo, ou usada para dispersar o veneno em uma poça d’água e atordoar algum animalzinho mergulhado que vai virar refeição.

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Espécies maiores de caracóis de cone tem um coquetel de toxinas tão potente que pode ser fatal até para seres humanos, ainda que sejamos grandes demais virar almoço de molusco. Fique de olho: várias dessas espécies estão presentes na costa do Brasil.

2. Lóris

Primata de grandes olhos entre folhagens.
(N.A.Nazeer / Wikimedia Commons/Reprodução)

O único primata peçonhento do mundo é esse animalzinho fofo com olhos gigantes, da ordem dos lêmures. As espécies do gênero Nycticebus, conhecidas como slow loris (“lóris lento”), são encontradas no sul da Ásia e na Oceania. Atualmente, são consideradas vulneráveis, ameaçadas de extinção pelo tráfico ilegal e pelo desmatamento das florestas.

As glândulas de veneno dos lóris ficam na parte interna das patas dianteiras. Eles também secretam toxinas na saliva. Quando misturam o veneno das patas com o da saliva, eles criam uma ameaça dupla. Uma única mordida babada desse primata já pode ser fatal para nós – quem dirá para animais menores. 

Fugir da mordida venenosa de um lóris não é tão difícil. Eles são pequeninos e lentos, e preferem ameaçar do que entrar em conflito direto. Se você estiver passeando na ilha de Java, na Indonésia, não precisa entrar em pânico – é só não cutucar o macaquinho com vara curta (nem com qualquer outra vara: deixe-o em paz).

3. Ornitorrinco

Um ornitorrinco nadando na água.
(phototrip / Getty Images/Reprodução)

Pois é! Um dos poucos mamíferos que põe ovos e um ícone da cultura pop, o ornitorrinco, que só é encontrado na Austrália, também é um raro ser vivo que dá tanto leite como veneno. Só os machos da espécie produzem essas toxinas, que são normalmente usadas para afugentar outros ornitorrincos.

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Eles têm esporas afiadas nas patas traseiras ligadas a glândulas de veneno. Os machos usam esse recurso para proteger seu território de invasões dos concorrentes da mesma espécie. O veneno é produzido de forma mais intensa na temporada de acasalamento.

Nos raros casos em que um ser humano teve contato com o veneno de um ornitorrinco, a consequência principal foi uma dor excruciante, que não passava usando analgésicos normais, como a morfina. Não se conhecem casos fatais, e ainda não há um antídoto para o veneno.

 4. Pitohui

Um pássaro de cor laranja e preta em meio a galhos, no chão.
(feathercollector / Getty Images/Reprodução)

Essa ave laranja e preta da Nova Guiné é linda, mas também tóxica. Sua pele e suas penas contém batracotoxina, o mesmo composto presente em rãs venenosas da família Dendrobatidae.

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Não se sabe muito sobre o pássaro, que foi descoberto há pouco tempo. Seu veneno vem da sua alimentação, comendo besouros da família Melirydae, absorvendo suas toxinas e depositando-as em seu corpo.

Não há relatos de mortes de humanos por contato com o pitohui. Os nativos das ilhas onde a ave pode ser encontrada não a caçam, porque já sabem que seu veneno causa sensação de dormência e paralisação da boca.

5. Borboleta-monarca

Uma borboleta repousada sobre uma flor.
(Wikimedia Commons/Reprodução)

A borboleta-monarca é natural da América do Norte, mas também pode ser encontrada na Europa, na Austrália e no norte da África. As asas alaranjadas podem parecer bonitas para nós, mas afugentam os predadores por passar uma impressão de veneno. Impressão que é verdadeira.

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O veneno das monarcas vem da serralha, planta que elas comem, ainda no estágio de lagartas. As borboletas evoluíram a ponto de conseguir tolerar e armazenar essas toxinas em seus corpos. E assim, elas se tornam tóxicas para os pássaros que tentam comê-las. 

Não há relatos de humanos sendo afetados por essas substâncias, mas a melhor coisa a se fazer quando encontrar uma borboleta-monarca é… bem, não comê-la. Não que você fosse fazer isso, claro. Eu sei que é estranho. Só estou avisando, nunca se sabe.

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