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Como os povos nativos das Américas criaram o abacate que conhecemos hoje

O sítio arqueológico El Gigante, em Honduras, conserva restos de frutas de milhares de anos – e revela a história da domesticação do abacate.

Por Bela Lobato
14 mar 2025, 12h00

Muito antes das vitaminas, do guacamole e da avocado toast caírem no gosto brasileiro, os povos nativos da América Central já estavam aprimorando o abacate para torná-lo mais suculento. Pesquisadores descobriram que os humanos começaram a domesticar a fruta há cerca de 7,5 mil anos em Honduras.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences no começo do mês, analisou 1.725 fragmentos de abacate fossilizados encontrados no abrigo rochoso El Gigante, um sítio arqueológico que guarda mais de 11 mil anos de história. 

Os cientistas perceberam que, ao longo do tempo, as cascas dos abacates ficaram mais grossas e os caroços maiores — evidências de que os antigos habitantes estavam selecionando frutos cada vez mais robustos. Apesar desse processo de seleção artificial ser semelhante ao que foi feito com outros vegetais, ele levou mais tempo, já que os abacateiros demoram anos para dar frutos.

Antes de os humanos entrarem em cena, os abacates dependiam de megafauna para espalhar suas sementes. Criaturas como preguiças gigantes, toxodontes e gompoteres (parentes dos mastodontes e elefantes) engoliam os frutos inteiros e, sem digerir o caroço completamente, faziam o seu papel no plantio. 

Quando esses animais enormes foram extintos entre 12 e 3 mil anos atrás, os abacates só não foram junto porque já eram cultivados por humanos. A descoberta também mostra que os povos indígenas não esperaram pelo milho para começar a plantar. Na verdade, quando o cereal chegou à região, os agricultores já eram experientes em gerenciar árvores frutíferas.

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Fotografia da distribuição dos abacates originários.
Distribuição de abacates selecionados por humanos de cada região. (Alejandro F. Barrientos-Priego/Reprodução)

El Gigante, o sítio estudado, é uma caverna elevada que começou a ser frequentada por humanos há 11 mil anos. Com uma única entrada alta e estreita, o ambiente protegido de vento e chuva favorece a preservação de fósseis, que podem ser datados por radiocarbono.

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Há duas décadas, pesquisadores vasculham as pilhas de “lixo” deixadas lá há milhares de anos para entender como os humanos da região viviam e se alimentavam. 

A comparação dos tamanhos das sementes e das cascas ao longo do tempo aponta que a população inicialmente colhia apenas frutas silvestres, com sementes pequenas e cascas finas.

Há cerca de 7,5 mil anos, eles começaram a manejar as árvores e, por fim, passaram a plantar sementes selecionadas, garantindo frutas cada vez mais suculentas. Esse estudo é mais uma evidência de que a relação entre humanos e plantas não foi um salto repentino para a agricultura, mas um processo longo e gradual de interação com a natureza.

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 “Essas pessoas literalmente domesticaram suas florestas”, explicou a antropóloga Amber VanDerwarker, coautora do estudo, em entrevista à Forbes

Os arqueólogos também encontraram vestígios de outros alimentos, como cabaças, feijões e agaves, indicando uma dieta diversificada baseada na coleta e cultivo. Mas o abacate teve um papel particularmente importante. Dependendo da caça e pesca para obter gordura, os povos originários usavam a fruta para complementar a demanda. 

“O abacate compensa esse déficit de gordura como uma fonte incrível de gorduras poli-insaturadas”, explicou VanDerwarker à Forbes. “É um alimento perfeito para coletores e agricultores de subsistência. É um alimento perfeito para nós!”

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