Espécie de lagarto usa bolha nas narinas para respirar debaixo d’água
Com esses tanques de oxigênio, os anolis aquáticos conseguem ficar até 20 minutos submersos para escapar de seus predadores.
Os anolis aquáticos são lagartos típicos da América Central e do Sul. Do tamanho de um lápis, eles mergulham nos riachos para fugir de predadores. Agora, pesquisadores descobriram como esses répteis conseguem respirar debaixo d’água: com uma bolha que se forma em suas narinas. Um mini tanque de oxigênio.
Esses lagartos vivem em pedras e plantas perto de riachos e cachoeiras. Na floresta, eles podem ser presas de pássaros, cobras e outros lagartos maiores. O risco constante de virar comida fez com que os anolis desenvolvessem várias técnicas para escapar. Eles podem se camuflar entre as folhas e rochas ou fugir para um abrigo. Quando nada disso dá certo, os animais pulam para a água e se mantém submersos até o predador ir embora.
Os cientistas já tinham visto os anolis aquáticos com bolhas nas narinas, mas não sabiam se elas realmente ajudavam eles a respirar debaixo da água. Agora eles descobriram que sim: os répteis conseguem ficar submersos por até 20 minutos com a bolha de ar. A descoberta foi descrita na Biology Letters.
Como funciona?
Quando estão mergulhando, os anolis aquáticos expiram o ar para produzir a bolha que cobre suas narinas. Algumas bolhas pequenas formam naturalmente na pele hidrofóbica (ou seja, que não absorve água) do lagarto. Elas se juntam à bolha maior, aumentando a quantidade de oxigênio que eles têm para respirar debaixo d’água.
Para entender se a capacidade de respirar debaixo da água por tanto tempo era causada pela bolha, a cientista Lindsey Swierk cronometrou quanto tempo os animais ficaram submersos em dois casos diferentes. Em um dos experimentos, os lagartos estavam com a pele normal. No outro, a bióloga aplicou hidratante na pele dos anolis. A substância impedia as bolhas pequenas de se formar.
Sem o hidratante, os lagartos ficaram mais tempo debaixo da água – 32% mais do que quando as bolhas não se formavam regularmente. No estudo, eles passaram pouco tempo submersos, mas na natureza podem passar até 20 minutos.