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Esta torrada é projetada para não cair com o lado da manteiga para baixo

Conversamos com o vencedor do IgNobel de Física Robert Matthews, cujo protótipo de pão usa as leis de Newton para driblar a de Murphy.

Por Manuela Mourão
10 abr 2025, 19h00

“Tudo o que puder dar errado, dará.” Essa é a Lei de Murphy. Não é uma lei no sentido físico da coisa, claro: só aquela sensação pessimista de que o Universo está armando contra nós — e, por isso, é necessário tomar todas as precauções possíveis. 

Alguns dos exemplos mais conhecidos são: sair de casa sem guarda-chuva em um dia de céu azul, apenas para começar a chover assim que você pisa na rua; não conseguir encontrar a chave do carro justamente quando você já está atrasado para um compromisso; e o clássico — se uma torrada cair no chão, ela inevitavelmente cairá com o lado da manteiga virado para baixo.

Essa última inspirou um estudo científico: em 1995, o físico britânico Robert Matthews calculou a probabilidade de uma torrada cair com o recheio virado para o chão. 

Acredite: a chance não é de 50/50. O artigo mostrou que, de fato, as torradas têm uma tendência maior a cair com a manteiga no chão — e que isso tem uma explicação física. O projeto fez tanto sucesso que, no ano seguinte, Matthews ganhou o IgNobel de Física. Até a Coroa Britânica reconheceu o projeto inusitado.

Em entrevista à revista Super, Matthews explicou que as principais variáveis são a fricção, no momento em que a torrada deixa a mesa ou o prato, e a gravidade, que puxa o pão para o chão. Além disso, há o torque — a força responsável por fazer a fatia girar sobre seu próprio eixo, o que geralmente a faz cair com o lado da manteiga para baixo.

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O físico concluiu que, em 62% das vezes, a torrada cai com a manteiga voltada para o chão. Vale lembrar que a situação foi simulada: os pedaços de pão foram empurrados da borda de uma mesa em condições controladas.

Agora, Matthews foi desafiado a revisitar seu estudo e descobrir se existe alguma maneira de impedir que as torradas girem no ar e acabem caindo com a manteiga voltada para baixo. O processo foi documentado em um minidocumentário que acompanha o físico e o chef Nuño Garcia — que soma 12 estrelas Michelin e ficou responsável pela produção dos pães.

Para reverter o percurso da queda, Matthews explica que seria necessário alterar uma das variáveis envolvidas.

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“Se você observar a equação, verá o que influencia a rotação: o tamanho da torrada e a fricção”, disse o físico. “Além disso, outra coisa que se percebe pelas equações é a altura. Então você começa a pensar: bem, o que podemos fazer em relação à altura?”

O ignobelista já adianta: a resposta é não. A altura da qual a torrada cai não pode ser simplesmente alterada, já que as mesas são projetadas para alturas convenientes aos seres humanos. Para que a rotação completa se invertesse — fazendo com que o lado com manteiga não tocasse o chão — seria necessária uma mesa com cerca de três metros de altura.

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“Outra possibilidade é mexer no formato”, sugere Matthews. “Talvez aplicar princípios de aerodinâmica… quem sabe ela consiga até voar de alguma forma.” Essa ideia, combinada com a alteração do tamanho das fatias, parece ser a melhor aposta para driblar a famosa Lei de Murphy (ao menos no café da manhã).

Com fatias menores, as torradas saem rapidamente da mesa e não têm tempo suficiente para serem afetadas pelo ângulo da quina e iniciarem a rotação. “A torrada não entra na ‘zona de Murphy’ porque ela não chega a girar”, explica Matthews no documentário. Essa “zona” corresponde aos ângulos entre 90° e 270°.

O experimento mostrou que, com essas mini torradas, em 75% dos casos o lado da manteiga ficou virado para cima.

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O documentário foi lançado pela marca de probióticos Enterogermina, que concluiu o filme lembrando que mesmo que a manteiga esteja a salvo, as torradinhas ainda podem estar contaminadas — mesmo que tenham ficado apenas cinco segundos no chão.

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