Este pequeno predador unicelular se retorce como um origami
Medindo apenas 40 micrômetros, o Lacrymaria olor consegue esticar partes do corpo a 30 vezes o seu tamanho, revelou um novo estudo.
Imagine conseguir modificar partes do seu corpo e esticar o seu braço pelo menos 10 vezes mais do que sua própria altura. Parece coisa de filme de ficção científica ou história de super-heróis, mas é exatamente o que esse minúsculo ser unicelular é capaz de fazer.
Um novo estudo, publicado na revista Science, mostra que um pequeno protista unicelular chamado Lacrymaria olor consegue esticar partes de sua célula a pelo menos 1200 micrômetros. Com o detalhe de que ele mede apenas 40 micrometros (cada micrometro equivale a um milionésimo de metro). Em tamanho microscópico, isso pode não parecer grande coisa, mas seria o equivalente a um ser humano de 1,80m projetar a própria cabeça a uma distância de 60 metros.
Os protistas são pequenos organismos unicelulares ou pluricelulares eucariontes (ou seja, que possuem organelas internas com membrana e núcleo organizado), e que são encontrados em uma grande variedade de formas e tamanhos. São, em sua grande maioria, seres aquáticos, mas podem ser encontrados também em solos úmidos ou como parasitas de outros organismos.
Os pesquisadores autores do estudo descobriram que o L. olor consegue realizar essa projeção do corpo graças a uma arquitetura celular única: o citoesqueleto (fibras que auxiliam na sustentação da célula) do organismo e a sua membrana celular (camada externa que protege o conteúdo de dentro da célula) conseguem se dobrar de forma similar a um origami.
O L. olor estica partes do corpo para caçar outros organismos, e consegue aumenta-las e depois retorná-las ao seu tamanho original a uma alta velocidade, num intervalo de só 30 segundos.
Sua membrana celular se dobra em cerca de 15 pregas, que, assim como um origami, se acomodam em uma intrincada dobradura. Isso, aliado com filamentos de microtúbulos, proporciona que o organismo projete e retraia partes do seu corpo a alta velocidade.
Os autores do estudo, Manu Prakash e Elliott Flaum da Universidade de Stanford, nos EUA, utilizaram microscopia confocal e eletrônica de transmissão combinada com imagens ao vivo para observar esse comportamento do micro-organismo celular.