Estrela gigante Betelgeuse pode ter irmãzinha oculta de 1,17 massas solares
Essa filhote pode explicar um ciclo de variabilidade misterioso na luz de Betelgeuse – e significaria que ela tem uma expectativa de vida maior que a esperada.

Betelgeuse é uma das estrelas mais reconhecíveis do céu noturno – no diurno, é claro, fica difícil concorrer com a fama do Sol (rs). Essa gigante de cor avermelhada, localizada a 642 anos-luz da Terra e com raio cerca de mil vezes maior que o Sol, é o ombro esquerdo da constelação de Órion.
A dita-cuja emite 100 mil vezes mais luz do que o nosso astro. Se fosse colocada no lugar do Sol, engoliria todos os planetas de Mercúrio até Júpiter. Só Saturno e seus colegas além escapariam. E veja bem: não estamos dizendo que esses planetas seriam atraídos e deglutidos pela dita-cuja: estamos dizendo que ela de fato ocuparia todo o espaço da órbita deles. É, de fato, um orbe estupidamente grande.
Como costuma acontecer com estrelas desse porte, Betelgeuse deve ficar rapidamente sem combustível e morrer em uma explosão mastodôntica que os astrônomos chamam de supernova. Calcula-se que o fenômeno aconteça em qualquer momento dos próximos 10 mil anos (100 mil, na estimativa mais conservadora), o que é um bocado na escala humana, mas pouquíssimo para os padrões cósmicos.
Torça para estar vivo quando rolar: ela alcançará uma luminosidade equivalente à da Lua no céu noturno por vários meses.
Betelgeuse é uma estrela temperamental, do tipo que os astrônomos chamam de variável. Ela exibe variações cíclicas de luminosidade que não aparecem em outros astros. Uma delas é um bocado longa: ocorre em intervalos de 2.170 dias. Não por coincidência, essa pulsação é conhecida pela sigla LSP, que significa “período secundário longo” em inglês.
É a natureza dessa variabilidade de longo prazo em Betelgeuse que é o foco de um novo artigo publicado pelo astrônomo Jared A. Goldberg e sua equipe no periódico Astrophysical Journal Letters.
Existe a possibilidade de que a LSP de Betelgeuse seja resultado da pulsação das camadas externas. Se for esse o caso, significa que Betelgeuse é maior do que o esperado, está em um estágio mais avançado de sua vida e levaria apenas algumas centenas de anos para se tornar uma supernova.
Nequipe conclui que a explicação mais provável para a variabilidade de longo prazo de Betelgeuse é que ela tenha uma estrela companheira de baixa massa, chamada α Ori B (Betelgeuse tem o nome alternativo de α Orionis, por causa de sua constelação). É possível que essa estrela menor esteja mexendo com as nuvens de poeira e gás ao redor do sistema de forma cíclica, e que essas nuvens ofusquem o brilho da gigante de tempos em tempos.
Essa estrela seria realmente minúscula em relação a sua mãe: teria 1,17 vezes a massa do Sol. Isso explicaria porque é tão difícil vê-la. É mesmo complicado ser um irmão caçula, mas caso essa hipótese se confirme, a pequena α Ori B finalmente terá um lugar ao Sol.