Formigas desenterram fósseis e levam à descoberta de 10 mamíferos extintos
São 6 mil dentes e ossos da mandíbula de animais que viveram há 35 milhões de anos na América do Norte. Confira.
Um grupo de paleontólogos descobriu dez novas espécies de mamíferos extintos a partir de milhares de fósseis minúsculos, como dentes ou ossos da mandíbula. Eles contaram com ajudantes igualmente pequenos para encontrar os espécimes: formigas.
Os fósseis microscópicos vieram do noroeste de Nebraska (Estados Unidos). Eles são abundantes por lá, assim como nos estados vizinhos, Wyoming e Dakota do Sul. Mas nem por isso é fácil encontrá-los – a não ser que você procure nos lugares certos. Como o topo de formigueiros.
Há mais de um século, cientistas raspam esses montes de areia e terra procurando pequenos ossos nos sedimentos. É uma boa tática, porque as formigas exploram o subsolo em busca de materiais (como pedacinhos de rocha) com os quais possam cobrir seus montes para fortalecê-los.
Em 2015, um caçador de fósseis amador de Nebraska notou que havia uma quantidade impressionante de dentes e ossos nos formigueiros de sua propriedade. Então, começou a coletar amostras e enviá-las para Clint Boyd, paleontólogo do Serviço Geológico de Dakota do Norte.
Ele não parou desde então. O resultado foi uma coleção de mais de 6 mil microfósseis, que foram estudados por Boyd, Bill Korth, pesquisador do Rochester Museum & Science Center (Nova York), e outros paleontólogos. O estudo foi publicado recentemente pelo Instituto de Paleontologia de Vertebrados de Rochester.
Animais encontrados
Os fósseis que as formigas trouxeram à tona têm entre 33 e 35 milhões de anos. Foram identificadas 10 novas espécies, como Cedromus modicus, um parente dos esquilos modernos; Yoderimys massarae, o menor membro de um grupo de roedores há muito extinto, chamado Eomyidae; e Costepeiromys attasorus, um parente dos castores modernos.
Acredita-se que, na época em que esses indivíduos habitavam a América do Norte, o clima da Terra estava esfriando drasticamente. Estudando os fósseis, os cientistas podem compreender a extensão da diversidade de mamíferos antes e depois desse período – o que ajuda, por exemplo, na previsão de como os mamíferos de hoje podem responder a mudanças climáticas.
E este foi só o começo: ainda há muitas caixas de fósseis de formigueiros esperando a análise de Boyd e seus colegas. E as formigas não param de desenterrá-los.