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Furacões estão ficando mais lentos – e mais destrutivos

Aquecimento global pode estar interferindo com os furacões, que tendem a passar cada vez mais tempo sobre cada lugar e causar estragos ainda maiores

Por Felipe Sali
8 jun 2018, 13h02

Em agosto de 2017, o furacão Harvey agiu de maneira incomum e ficou parado no leste do Texas por quase uma semana. Além de ser a tempestade tropical mais chuvosa que já atingiu os EUA, ela esteve à altura do furacão Katrina em termos de custo, causando cerca de US$ 126 bilhões em perdas. Segundo um estudo feito pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, órgão do governo americano) e publicado na revista Nature, pode não ser um caso isolado: a velocidade dos ciclones tropicais caiu cerca de 10% entre 1949 e 2016.

Isso é um problema, porque furacões mais lentos causam mais estragos. “Essas tendências quase certamente aumentam o total de chuvas e inundações”, crê o autor do estudo, James Kossin. Além disso, edifícios que são atingidos por ventos fortes por períodos mais longos têm maior probabilidade de serem danificados.

A razão por trás da desaceleração ainda está sendo estudada, mas Kossin acredita que o real culpado seja o aquecimento global. Entre os cientistas, há um consenso de que ele está mudando e enfraquecendo a circulação de ar na atmosfera. Isso pode estar afetando os ventos diretos que regulam a direção e a velocidade das tempestades tropicais.

Mas nem todos os especialistas aceitaram as conclusões do estudo. Para outro cientista da NOAA, Kevin Trenberth, os dados coletados antes da década de 1970 não são confiáveis, pois foram obtidos por meio de satélites com a tecnologia da época, que era imprecisa. Kossin responde dizendo que os dados sobre a velocidade das tempestades (tema principal do estudo) são menos sensíveis aos avanços da tecnologia do que dados sobre sua frequência e intensidade — esses sim ultrapassados.

De qualquer forma, mais pesquisas serão necessárias, tanto para descobrir se isso é parte de uma tendência maior quanto para determinar o quanto as mudanças climáticas estão contribuindo para esse fenômeno. Resta torcer para que os resultados cheguem antes que outro furacão Harvey apareça por lá.

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